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AGO/2018

TCC   DE   MESTRADO     

    EM   TEOLOGIA!

EVANGELIZAÇÃO   E   DISCIPULADO   CRISTÃO

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Pastor  Roberto  Mazzei

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FACULDADE E SEMINÁRIO TEOLÓGICO NACIONAL

 

DISCIPULADO CRISTÃO: UMA VISÃO PANORÂMICA COM FOCO EM MÉTODOS E SOLUÇÕES PARA PEQUENAS IGREJAS E DISCIPULADORES INDIVIDUAIS DO MUNDO CONTEMPORÂNEO.

 

 

ROBERTO MAZZEI


SÃO LOURENÇO – MG

2018

ROBERTO MAZZEI
 


DISCIPULADO CRISTÃO: UMA VISÃO PANORÂMICA COM FOCO EM MÉTODOS E SOLUÇÕES PARA

PEQUENAS IGREJAS E DISCIPULADORES INDIVIDUAIS DO MUNDO CONTEMPORÂNEO.

TCC apresentado ao Curso de Mestrado em 
Teologia Livre da Faculdade e Seminário Teológico 
Nacional, como requisito parcial para a 
obtenção do título de Mestre.

Prof.
Roberto Mazzei

 

 


SÃO LOURENÇO – MG

2018

DEDICATÓRIA

   
Dedico essa monografia primeiramente ao Deus todo poderoso, 
na figura de Deus Pai: o único provedor de tudo o que sou e tenho; 
na figura de Deus Filho: meu único e suficiente salvador e 
na figura de Deus Espirito Santo: meu regenerador e sustentador,
que tantas vezes me socorreu e levantou ao longo dessa estrada da vida.

 

 


E à minha esposa, Rosa Maria, pelo companheirismo e encorajamento que me

possibilitou seguir até ao fim nesse caminho  tão promissor que é

servir ao nosso Deus todo poderoso.

 

 

SÃO LOURENÇO – MG

2018

RESUMO 


Mazzei, Roberto. Discipulado Cristão: Uma visão panorâmica com foco em métodos e soluções para pequenas igrejas e discipuladores individuais do mundo contemporâneo, São Lourenço, MG, Março/2.018. 69 folhas. TCC (Mestrado em Teologia Livre) – Faculdade Teológica Nacional, São Lourenço, Março/2.018.
 

       O tema desse trabalho objetiva registrar a imperiosa importância e necessidade de se manter o foco, por parte de Pastores, Missionários, dirigentes de Igrejas e todos aqueles que estão envolvidos com a Igreja, inclusive os seus membros, no treinamento, na divulgação e na disseminação da Grande Comissão que nos foi outorgada pelo nosso Mestre Jesus, quando ordenou: “Ide e fazei com que todos os povos da terra se tornem discípulos, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a obedecer a tudo quanto vos tenho ordenado.” (Mateus.28:19,20); essa mesma ordem encontramos registrada também em (Mc 16.15), BKJA¹. A abordagem que fazemos, evidencia um paralelo estabelecido entre as práticas da Igreja primitiva, a qual primava por um discipulado genuinamente cristocêntrico e as práticas hodiernas, as quais se distanciam enormemente da ideologia que nosso Senhor Jesus Cristo legou para seus discípulos, ao ponto de muitas vezes, sequer se assemelhar a um discipulado; Entre as práticas da Igreja primitiva e as práticas pós Reforma protestante, existem as práticas adotadas pelo monopólio religioso representado pela Igreja Milenar, a Igreja Católica Apostólica Romana, que representa o período considerado como a Idade das Trevas, sobre o qual também teceremos algumas elucidações.
 Ressaltamos ainda que, desde a época da Reforma Protestante até meados do século XIX, o discipulado era fortemente cristocêntrico, e que só a partir de 1.900/1910 (aproximadamente, e coincidentemente ao advento do Pentecostalismo), é que começou a ganhar corpo uma nova prática de discipulado, o qual já não era mais tão fiel à visão da genuína Reforma Protestante. Observamos aqui que não estamos vinculando o Pentecostalismo tradicional às práticas atuais de discipulado, embora isso se confirme com relação ao grande número de novas igrejas que surgem a cada dia, não só no Brasil, mas também em todas as nações, que são as chamadas Igrejas Neo Pentecostais. 
    
¹ BKJA, Bíblia King James Atualizada, 2002. Abba Press. Sociedade Bíblica Ibero Americana.  

 

       Em uma abordagem panorâmica, ainda que não em muita profundidade, dado o enorme número de informações existente sobre esse mesmo tema, nós iremos, de uma forma o mais sucinta possível, remeter a uma necessidade pungente de adequação das práticas de discipulado e de evangelização existentes, às necessidades de inclusão das pequenas Igrejas e das Igrejas Neo Pentecostais que se encontram à margem desse processo; 
Não é suficiente argumentar que material suficiente e processos da práxis do Evangelismo estão à disposição de todos os que se interessarem. 
Considerando que uma enorme quantidade de pessoas está marginalizada quanto à evangelização e discipulado, podemos levantar os questionamentos: Por que então, existe um percentual tão alto de crentes e novos crentes que não são beneficiados? O que está dificultando para que possam ter acesso a essa prática cristã? Por que as próprias Igrejas e os discipuladores e evangelistas individuais, tema desse trabalho, não estão todos envolvidos no processo? O que pode ser feito para proceder a essa inclusão? Esses, são desafios que exigem perseverança para que sejam devidamente solucionados. Isso, é o que propomos que seja absorvido como necessidade urgente de implementação.

 

Palavras chave: discipulado.igreja.evangelização.comissão.cristocêntrico.desafios.

                            pentecostalismo.inclusão. 

 

SUMÁRIO 

CAPÍTULO 1 
1    INTRODUÇÃO ................................................................................................................  1
1.1    METOLOGIA ................................................................................................................  4
1.2    ESCOPO .......................................................................................................................  5
    
CAPÍTULO II
2.1 O MINISTÉRIO DE JESUS................................................................................................  5
2.2 A GRANDE COMISSÃO ..................................................................................................  8

CAPÍTULO III
3.1 DEFININDO DISCIPULADO CRISTÃO ...........................................................................  10
3.1.1 Segundo o Evangelho de Marcos (Mc 16.15-18) .....................................................  13
3.1.2 Segundo o Evangelho de Mateus (Mt 28.19-20) .....................................................  14

CAPÍTULO IV
4.1 O DISCIPULADO PRATICADO PELOS APÓSTOLOS ....................................................   16
4.2 O DISCIPULADO PRATICADO PELA IGREJA PRIMITIVA .............................................   18
4.3 O DISCIPULADO PRATICADO NA ERA MEDIEVAL ......................................................   20
4.4 O DISCIPULADO PRATICADO NAS IGREJAS CONTEMPORÂNEAS .............................   28
4.4.1 A visão das Igrejas Históricas ...................................................................................  29
4.4.2 A visão das Igrejas Pentecostais ..............................................................................  32
4.4.3 A visão das Igrejas Neo Pentecostais ......................................................................  34

CAPÍTULO V.
5.1 UMA VISÃO HODIERNA DO DISCIPULADO CRISTÃO ..................................................  35
5.1.1 A TMI – Teologia da Missão Integral ........................................................................  35
5.1.2 A TDL – Teologia da Libertação ................................................................................  38
5.1.3 TMI x DDL – Críticas e refutação das críticas de plágio ........................................  40
5.1.4 O MDA – Modelo de Discipulado Apostolar ...........................................................  40
5.1.5 Modelo de Discipulado Neo Pentecostal ...............................................................  48


CAPÍTULO VI
6.1 NECESSIDADES PREMENTES DAS PEQUENAS IGREJAS 
      PENTECOSTAIS MODERNAS E DAS IGREJAS NEO-PENTECOSTAIS..............................  57

CAPÍTULO VII
7.1 DELINEANDO UMA SOLUÇÃO INTERDENOMINACIONAL ........................................  58

CONCLUSÃO .......................................................................................................................  60

REFERENCIAS ......................................................................................................................  64

 

 

1 INTRODUÇÃO

 

Nossas pesquisas para a realização desse TCC – Trabalho de Conclusão de Curso, foram realizadas em livros e trabalhos acadêmicos, conforme registramos nas referências bibliográficas, e que estão mesclados sob os títulos de Discipulado Cristão, a Grande Comissão, Evangelicalismo, Teologia da Missão Integral, e outros títulos que são utilizados, mas que podem ser, todos, resumidos  sob  o  único  e  mesmo  tema  da  Teologia: A Grande Comissão ².

 

       18 Então, Jesus aproximando-se deles lhes assegurou: “Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra. 19 Portanto, ide e fazei com que todos os povos         da terra  se  tornem  discípulos,  batizando-os  em  nome  do  Pai  e  do  Filho  e  do Espírito Santo, 20 ensinando-os a obedecer a tudo quanto vos tenho         ordenado. E assim, Eu estarei permanentemente convosco até o fim dos tempos”. (Mateus 28.18-20) BKJA ³

                        

Evidentemente, temos a plena consciência de que jamais conseguiríamos abarcar toda a extensiva literatura acerca do assunto em um único trabalho de pesquisa. Portanto, fazemos uma abordagem sem essa pretensão, sob o título que adotamos, com objetivo de estabelecer uma sequencia elucidativa, a mais abrangente possível e culminando com a ênfase nas pequenas Igrejas contemporâneas.

Essas Igrejas, geralmente são desvinculadas das grandes denominações, e portanto na maioria das vezes sem condições pedagógicas e financeiras para um envolvimento mais abrangente com essa máxima que deve ser o foco prioritário de todas as Igrejas: A Grande Comissão.

E ainda devemos salientar que, na esmagadora maioria das vezes, são Igrejas com ideologia Neo Pentecostal, cuja origem nada mais é do que o resultado desse nosso mundo contemporâneo, onde a sociedade humana evoluiu de forma tão assombrosa, mais especificamente nas Ciências e Tecnologia, entrando em um caminho até então anteriormente inimaginável.

 

Se nós recuarmos cinquenta anos no tempo, nos depararemos com outra época, outra sociedade, caminhando em um ritmo totalmente diferente do que se vê hoje.

Porém, nesses  mesmos  cinquenta  anos  recuados,  encontraremos  o  princípio desse  novo movimento religioso chamado de Neo Pentecostalismo, que alterou tão profundamente o conceito de exercício da fé. E o resultado dessa nova influencia Neo Pentecostal, literalmente invalidou toda a cultura evangelística pré-existente. Invalidou  com  relação aos seus  fiéis, pois que  agora, se por um lado as Igrejas tradicionais e históricas discipulam , pregam e ensinam o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo, por outro lado as Igrejas Neo Pentecostais pregam tão somente o evangelho da prosperidade ensinando fidelidade tão somente às suas igrejas e seus propósitos; é claro que sempre finalizando qualquer coisa que se diga com a frase “em o Nome de Jesus!”, como se nisso se resumisse todo o evangelho.

 

²) A ordem dada por Jesus aos Seus discípulos(Mt. 28.19) BKJ,2002.              

³) Bíblia King James Atualizada, 2002. Abba Press. Sociedade Bíblica Ibero Americana.  

Levando-se em consideração o crescimento dessas novas Igrejas e o expressivo número de novos convertidos que se afiliam a elas, o qual é da ordem de milhões de pessoas, é que fazemos um aporte a alguns questionamentos sobre a viabilidade de organizar um evangelismo específico que possa os alcançar de alguma forma não os deixando marginalizados desse processo tão importante quanto o conhecer e prosseguir conhecendo ao Senhor propiciando assim um acesso simplificado e retomando o aspecto cristocêntrico de um evangelismo que não praticam ou ao qual tem sido levados  a  deixar de lado.  Na  abordagem  que  fazemos  sobre  a  TMI  –  Teologia da  Missão  Integral, tecemos considerações aos seus aspectos mais relevantes e à sua gestão dentro do evangelicalismo latino-americano.

       Cristologia  significa  literalmente  doutrina  ou  discurso  acerca  de  Jesus  o  Cristo.   Christos  corresponde  à  tradução para o grego do termo hebraico

       mashiah (O ungido de Deus). Originalmente, portanto, Christus  (forma latinizada) não  é  um  cognome da figura histórica de Jesus de Nazaré, mas uma

       confissão dela. Quem diz “Jesus Cristo” com seriedade confessa: Jesus é o ungido de Deus, o portador da salvação.  O  título “Cristo” representa, de modo

       vicário e sucinto, todas  as  predicações  do  portador  da salvação (Filho  de Deus,  Salvador, Libertador, etc...) com as quais se tentou, tanto no passado

       quanto no presente, expressar quem Jesus é, e o que Ele significa para nós.  A pergunta primordial da cristologia é: “Quem é esse, afinal?” (Mc 4.41). Está

       em pauta aí, o significado soteriológico de Jesus (Soteriologia: o discurso sobre a redenção ou salvação), portanto seu significado salvífico para o mundo

       e nosso posicionamento e nossa relação com ele. 4

 

4   Schneider, Theodor (Org.). Manual de dogmática. Vol.1. Petrópolis: Editora Vozes, 2002, 2ª edição, 219 p.

Procuramos mostrar brevemente a sua história e a sua implementação, inclusive apresentando os posicionamentos contrários que são levantados procurando relacionar esse movimento do Evangelicalismo ao movimento da TdL – Teologia da Libertação. 

Ousaremos também introduzir alguns questionamentos com respeito à eficácia no uso de todo esse  material  já existente com o principal intuído de chamar a atenção dos Teólogos hodiernos com o objetivo de centralizar esforços na elaboração de Planos de Discipulado que preencham os requisitos de simplicidade, facilidades de implementação, baixo custo de manutenção, com vistas a não onerar as pequenas novas Igrejas, desestimulando-as ou impossibilitando-as de se dedicarem a esse trabalho que é, cremos, dos mais importantes no campo da Teologia.

 

E é exatamente isso, a nosso ver, o que torna imperioso que se estabeleça uma frente de trabalho com o objetivo de proporcionar pedagogicamente um meio simplificado de ação dentro do contexto da evangelização ou discipulado cristão.

Existe sempre a tendência natural de se contra argumentar, e levantar questionamentos com relação à real necessidade desse tipo de procedimento, visto que o material já disponível relacionado à evangelização e discipulado cristão preenche totalmente as necessidades que se possam apresentar.

 

Entretanto nós podemos observar que, na prática, a esmagadora maioria das Igrejas pequenas não se utiliza desses materiais, e o motivo é que, em seu meio, faltam frequentemente pessoas habilitadas a lidar pedagogicamente com o ensino e com a organização dos materiais, pois isso demandaria muitas pesquisas até que se amoldasse o conteúdo dos materiais às normas critérios e possibilidades dessas pequenas Igrejas – cada Igreja procura ter suas próprias normas e critérios, aparentemente entendendo que é mais importante ter sua própria individualidade do que ter comunhão no Evangelho. E ainda há que se cuidar, também, da perspectiva do Evangelicalismo individual, o qual é praticado sem a direção eficaz, por parte daqueles que deveriam ser responsável pela sua orientação, geralmente os Pastores e suas pequenas Igrejas.

 

Podemos observar que o Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo é instigante aos cuidados de uns para com os outros, por sermos membros de um corpo chamado Igreja e cuja cabeça é o Senhor Jesus. Refutamos de passagem, as ideias de crentes desviados quando dizem que nós somos a Igreja, e por isso, não precisamos frequentar uma Igreja. Na verdade, se formos separados da Igreja então seremos apenas membros aleijões, pois então, não teremos o corpo.

 

       4  Pois assim  como  em  um  corpo  temos  muitos  membros,  mas nem todos os membros tem a mesma função, 5 assim também, sendo muitos, somos

       um  só corpo   em Cristo, e  todos somos  membros uns  dos outros. (Rm 12.4-5)

      16 Tende unanimidade de sentimentos entre vós;  não  com  altivez  de  sentimentos  mas  condescendendo  com os humildes. Não sejais sábios em vossa

       própria opinião. (Rm 12.16)

       25 para que não haja divisão no corpo, mas que todos os membros  se  preocupem  uns  com  os  outros.  26 de maneira  que,  se  um  membro  padece,

       todos  os   outros  membros  padecem com ele, e se um membro recebe honra,  todos  os outros membros se regozijam com ele. 27 Ora, vós sois o corpo

       de Cristo, e membros cada um em sua parte. (1 Co 12.25-27). 

       13 Porque  vós, irmãos,  fostes chamados à liberdade;  porém, não  useis da liberdade para dar ocasião à carne;  sede,  antes, servos uns dos outros pelo

       amor. 14 Porque toda a lei se cumpre em uma só palavra: Amarás teu próximo como a ti mesmo. (Gl 5.13- 14) Bíblia RVP. ( 5 )

 

Tal é o propósito e a reafirmada necessidade de um evangelismo eficiente e atuante – cumprir o desafio de eliminar as heresias que são consequentes à falta de uma eficiente e correta evangelização, enquanto busca alcançar àqueles que, nunca tendo sido alcançados antes pelo Evangelho,  correm  o  sério  risco  de serem aliciados por um dos falsos evangelhos que estão tão em evidencia nos dias atuais.

Ao final, levaremos à percepção de que o que é mais imperioso atualmente, não é criar novas fórmulas ou formas para evangelizar, mas sim descobrir um meio de corrigir os rumos que evangelizadores neo pentecostais estão imprimindo aos milhões de pseudo-convertidos que somente tem uma visão totalmente desassociada da evangelização cristocêntrica.

1.1  METODOLOGIA

A metodologia que adotamos para esse trabalho, consiste em fazer uma apresentação histórica de todo o processo de Evangelicalismo através do tempo; apresentamos assim um sucinto detalhamento sobre cada fase ou período que envolve esse processo de evangelismo quando feito pelos apóstolos, pela Igreja primitiva, na era medieval, na era pós-reforma e até chegar às  Igrejas  contemporâneas, onde  simultaneamente, encontramos os processos adotados pelas Igrejas históricas, pelas Igrejas pentecostais e finalmente, pelas Igrejas neo-pentecostais, essas sim, as grandes deturpadoras do evangelismo cristocêntrico, conforme já comentamos na introdução desse trabalho.

 

( 5 ) Bíblia RVP, Reina Valera em Português.   

                                                                             

1.2  ESCOPO

Apresentamos o escopo desse trabalho definindo-o em  capítulos, assim relacionados:

a) A INTRODUÇÃO propriamente dita, acrescida dos tópicos METODOLOGIA e esse  ESCOPO que fazemos agora.

b) CAPÍTULO I onde fazemos uma descrição do MINISTÉRIO DE JESUS, e sobre A GRANDE COMISSÃO.

c) CAPÍTULO II, onde apresentamos uma definição sobre o Discipulado Cristão segundo o Evangelho de Marcos (Mc 16.15-18) e segundo o Evangelho de Matheus (Mt 28.19-20)

d) CAPITULO III, onde dissertamos sobre o discipulado praticado pelos apóstolos, pela Igreja primitiva, na era medieval, e finalmente nas Igrejas contemporâneas onde mostramos a visão das Igrejas Históricas, das Igrejas Pentecostais e das Igrejas Neo Pentecostais.

e) CAPITULO IV, onde, sob o título UMA VISÃO HODIERNA DO DISCIPULADO CRISTÃO, apresentamos os conceitos da TMI (Teologia da Missão Integral), conceitos da TDL (Teologia da Libertação) TMI x TDL (Refutação das críticas de plagio) e o  MDA  (Modelo de Discipulado Apostólico)

f) CAPITULO V onde apresentamos as necessidades das pequenas Igrejas Pentecostais e das modernas  e às vezes gigantes Neo Pentecostais.

g) CAPÍTULO VI, onde mostramos as necessidades prementes das pequenas Pentecostais modernas e independentes e das famosas neo-pentecostais.

h) CAPÍTULO VII, Sob o título de DELINEANDO UMA SOLUÇÃO INTERDENOMINACIONAL, nosso proposito foi específicamente despertar os teólogos para criar métodos de atração que consigam corrigir o deturpado evangelismo de marketing pragmático tão usado e que torna milhões de pessoas alienadas do verdadeiro Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo.

 

CAPÍTULO II

2.1 O MINISTÉRIO DE JESUS                               

                        Durante todo o tempo em que Jesus divulgou o seu ministério, cerca de pouco mais de três anos, três anos e meio, em suas viagens e pregações, o Senhor se dedicava a anunciar o Seu reino, promovendo milagres e curas, ensinando nas Sinagogas, e discursando às multidões que o seguiam.

Entretanto, além de anunciar as Boas Novas - o Reino de Deus - e tornar conhecido o Seu Evangelho, preparava a posteridade, utilizando-se de um método de ensino muito peculiar. Tendo Jesus separado 12 discípulos que O acompanhariam de perto em Sua missão, e que permaneciam a Seu lado o tempo todo, sempre que se fazia possível os isolava e ensinava particularmente, revelando mistérios e detalhes sobre o Seu Evangelho que não eram revelados em público.

Em público muitas vezes ensinava por parábolas, mas em separado, traduzia essas parábolas para os seus discípulos, ensinando-os em todo o tempo. Dessa forma, preparava os discípulos para a época em que deveriam seguir em frente, sem a presença física de seu Mestre, continuando a obra de levar o Evangelho a toda a criatura.

                       

       16  Os  onze  discípulos  rumaram  para  a  Galileia,  em  direção ao  monte que  Jesus lhes determinara. 17  Assim que o viram, prostraram-se e o

       adoraram, mas alguns  ficaram  em  dúvida. 18  Então  Jesus  aproximando-se  deles lhes assegurou:  “Toda a autoridade me foi dada no céu e na

       terra. 19 Portanto, ide  e  fazei  com que todos  os povos da terra se tornem discípulos, batizando-os em nome do  Pai,  e  do  Filho  e  do  Espírito

       Santo.  20 ensinando-os  a  obedecer  a  tudo  quanto  vos  tenho  ordenado.   E  assim,  Eu  estarei  permanentemente  convosco,  até  o  fim dos

       tempos”. ( Mt 28.16-20) BKJA  6 

 

                         “Jesus recebeu todo o poder de Deus, e do Senhor ressuscitado parte a ordem plenipotenciária: ‘Ide...’. Agora, esse envio não é provisório, limitado e transitório como em (Mt 10), mas definitivo, ilimitado e permanente. Rompeu-se o estreitamento étnico das sinagogas e abriu-se a Salvação (comunhão com Deus) para todos os povos, raças e culturas.

A comunidade de  Jesus  abrange  o  mundo  inteiro,  substituiu  a  ‘Velha Aliança’ pela  ‘Nova  Aliança’,  que  congrega  toda  e  qualquer  pessoa  cujo  coração  creia  no  Senhor  para  ser convertido  em  discípulo.  Jesus ensinou e demonstrou com a sua própria vida o que significa ser um discípulo do Senhor (obediência a Deus).

A tríplice ordem missionária (discipular, batizar  e  ensinar  a  discipular)  é  emoldurada  pela garantia da onipresença de Jesus na alma daquele que crê (o crente). A essência da Igreja de Jesus é que o Ressuscitado continua vivo e atuante no indivíduo e na comunidade. 

Ao orarmos, não é mais necessário buscarmos a Deus nos céus, mas sim, em nossos corações. A promessa da presença contínua de Deus é a chave de ouro com a qual vários livros da Bíblia são concluídos. (Ex 40.38; Ez 48.35; Ap 22.20)”                                                             

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E não somente aos 12 apóstolos ensinava e enviava em missão de discipular, mas também enviava nessas missões outros discípulos que o acompanhavam, sempre preparando-os para quando não mais estivesse entre eles.

 

1  Depois dessas coisas, designou o Senhor também outros setenta e os enviou de dois em dois diante Dele em toda cidade e lugar aonde Ele havia de ir. 2 E lhes dizia: A seara na verdade é grande; mas os obreiros, poucos; portanto, rogai ao Senhor da seara que envie obreiros para Sua seara. 3 Ide; eis que Eu vos envio como cordeiros para o meio de lobos. 4 Não leveis bolsa, nem alforje, nem  calçado; e  a  ninguém  saudeis pelo caminho. 5 Em qualquer casa onde entrardes,  primeiramente dizei: Paz  a  esta  casa. 6 E se houver ali algum filho da paz, vossa paz repousará sobre ele; E se não, ela voltará sobre vós. 7 E permanecei naquela mesma casa, comendo e bebendo o que tenham; porque o obreiro é digno de seu salário. Não andeis mudando de casa em casa            8 Em qualquer cidade onde entreis, e vos receberem, comei do que vos ponham diante;  E curai os enfermos que  nela 

       houver,  e   dizei-lhes:   É  chegado  a  vós  o  Reino  de  Deus. 10-12 [...].   17  Voltaram  os  setenta com alegria, dizendo: Senhor, até os   demônios se nos

       submetem pelo Teu Nome. 18 E lhes disse: Eu vi satanás cair do céu como um raio.     19 Eis que vos dou poder para pisar serpentes e escorpiões, e sobre

       todo o poder do inimigo, e nada vos causará dano.    20  Mas  não  vos  regozijeis  porque os espíritos  se vos submetem, mas regozijai-vos porque vossos

       nomes estão escritos nos céus. (Lc 10.1-20)  

 

6  BKJA,2002. Abba Press. Sociedade Bíblica Ibero Americana

7  BKJA,2002. Abba Press. Sociedade Bíblica Ibero Americana, notas de rodapé, Pg. 1830,1831.

8 Figura O Sermão da Montanha, um dos mais importantes momentos do Ministério de Jesus. Final do século XVIII. Por Franz Xaver Kirchebner, em OrtiseiItália. Disponível em:

https://pt.wikipedia.org/wiki/ministerio_de_Jesus  Acesso em 30/07/2.18, 12:42Hs

 

E era assim, ensinando a discipular e enviando-os em missão de discipulado que o Senhor os preparava para alcançar o mundo com o Seu Evangelho; Isso é o que está registrado em (Mt 10.5-25), sobre o envio dos 12 apóstolos em missão; e está registrado em (Lc 10.1-20) sobre o envio dos 72 discípulos também em missão. Tratava-se de exercício de discipulado, entretanto, Já em (Mt 28.16-20), o Senhor distribuiu a ordem definitiva.

Pode-se observar pela abordagem que fazemos, que o nosso propósito ao descrever o ministério de Jesus é tão somente o de revelar o Seu enfoque missionário, preparando através do discipulado, aos apóstolos e aos discípulos que fazia, para que, depois de Sua morte, e obedecendo a vontade do Pai, esse fosse o método adotado para que o Reino de Deus ganhasse o mundo: Homens, discipulando homens, e propagando o Evangelho a toda criatura.

 

2.2 A GRANDE COMISSÃO

             O envio de Jesus, caracterizado pela tríplice ordem missionária (discipular, batizar e ensinar a discipular) está muito longe de ser apenas o estabelecer Igrejas no cenário mundial, nacional ou regional, centralizadas na individualidade que tem caracterizado a esmagadora maioria das instituições em que elas tem se tornado.

 

9   Bíblia RVP, Reina Valera em Português.

 

Na verdade, não se deveria sequer cogitar de aventurar-se nesse campo sem que se tenha um profundo respeito a cada um dos mandamentos implícitos  nessa  tríplice  ordem missionária cuidando-se, minuciosamente, para que cada um deles seja plenamente observado e cumprido.

Só assim, pode-se descansar a consciência na certeza de estar cumprindo a determinação do Senhor. Pois que, se negligenciar-se qualquer um desses aspectos, estar-se-á incorrendo no mesmo negligenciar passivo de penalização que se observa na parábola da distribuição dos talentos.

 

       14  Digo também que o Reino será como um Senhor que, ao  sair  de  viagem, convocou seus  servos  e  confiou-lhes  os  seus  bens. 15  A  um  deu  cinco

       talentos, a ouro, dois e a outro, um talento;    a  cada  um  conforme  a  sua  capacidade  pessoal.  E,  em  seguida  partiu  de  viagem.   16  O   que  havia

       recebido  cinco talentos, saiu imediatamente, investiu-os e   ganhou mais cinco. 17 Da mesma forma, o que  recebera  dois  talentos  ganhou outros dois.

       18  Entretanto, o que havia recebido um talento afastou-se, cavou um buraco na  terra  e  escondeu  o  dinheiro  que  o seu senhor havia confiado a seus

       cuidados. (Mt 25.14-18);

       19 Após um longo tempo, retornou o senhor daqueles servos e foi acertar contas com eles. 20 Então o servo que recebera cinco talentos se aproximou do

       seu  Senhor  e  lhe  entregou  mais  cinco  talentos,  informando:  ‘O Senhor me confiou  cinco  talentos;  eis  aqui  mais  cinco  talentos  que  ganhei’.   21

       Respondeu-lhe  o  Senhor:  ’Muito  bem, servo bom e fiel!  Foste  fiel  no  pouco,  muito  confiarei  em  tuas  mãos  para  administrar. Entra e  participa da

       alegria  do  teu  senhor!’  22  Assim  também,  aproximou-se  o  que  recebera  dois  talentos  e  relatou: ‘ Senhor,  dois  talentos   me  confiaste;  trago-lhe

       mais dois  talentos  que ganhei.’ 23 O Senhor lhe disse: ‘Muito bem, servo bom e fiel! Foste fiel no pouco, muito confiarei em tuas mãos para administrar.

      Entra e participa da alegria do seu Senhor.  24 Chegando, finalmente, o  que  tinha  recebido apenas um talento, explicou: ‘Senhor, eu te conheço, sei que

       és um homem severo, que colhe   onde não plantou e ajunta  onde  não  semeou.  25 Por  isso,  tive  receio e  escondi  no    chão o teu talento. Aqui  está,

       toma  de  volta  o  que  lhe  pertence. 26  Sentenciou-lhe, porém, o Senhor: ‘servo mau e negligente! Sabias que colho onde não plantei e ajunto onde não

       semeei? 27 Então por isso, ao menos devias ter investido meu talento com os banqueiros,  par que quando  eu   retornasse, o recebesse de volta, mais os

       juros.   28  Sendo  assim,  tirai  dele  o  talento  que  lhe  confiei  e  dai-o  ao  servo  que  agora está  com  dez  talentos. 29 Pois a quem tem, mais lhe será

       confiado,  e possuirá em  abundancia.  Mas  a quem  não  tem, até  o que  tem lhe será tirado. 30 Quanto ao servo inútil, lançai-o para fora, às trevas. Ali

       haverá muito pranto e ranger de dentes. (Mt 25.14-30)  

 

Trata-se nesse caso, de culpa por omissão. Existem muitas pessoas que estão ocupando banco na Igreja que frequenta, por ter tido a felicidade de receber um talento’ e mesmo assim o mantém enterrado sem gerar frutos para mais ninguém, em   desconsideração à segunda  parte do mandamento do Senhor  Jesus que diz:

 

       37 E Jesus disse-lhe: Amarás ao Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma e    com todo  o  teu  entendimento. 38 Esse é o primeiro e

       grande mandamento. 39 E o segundo é semelhante a este: Amarás teu próximo como a ti mesmo.  40 Destes dois mandamentos, dependem  toda a Lei e

       os profetas (Mt 22.37-40).  

                                                                                                                                      

Entretanto  essa  culpa,  por extensão, acaba alcançando as próprias Igrejas, porque tem se mantido acomodadas sem cumprir sua função de ensinar sobre a seriedade, o compromisso e a responsabilidade do discipulado cristão, ensinando  e  formando  novos  discípulos  para que multipliquem o seu talento ao chamar novas pessoas, para manter assim esse círculo vivo pelo qual se propaga a mensagem do Evangelho. Por outro lado, se as Igrejas mantivessem o foco na obediência às Escrituras Sagradas, e observassem seus preceitos, seria naturalmente impossível desviar-se dos objetivos que o Senhor pretende alcançar através do Seu Evangelho.

Discipular, batizar e ensinar a discipular: Retornando a essas origens, infalivelmente o cristianismo    voltará  a  experimentar o mesmo crescimento que conheceu na época da Igreja Primitiva.

 

Nesse momento, precisamos chamar a atenção de  todos para a diferenciação que existe entre discipular e evangelizar, pois que estão longe de significar a mesma coisa.

 

10   BKJA,2002. Abba Press. Sociedade Bíblica Ibero Americana

11 Bíblia RVP, Reina Valera em Português.                     

 

3.1 DEFININDO DISCIPULADO CRISTÃO

             Torna-se útil agora, esclarecer uma diferença que existe no enunciado do Evangelho de Marcos (Mc 16.15,16), e o enunciado do Evangelho de Matheus (Mt 28.19,20).

É que essa diferença, apesar de parecer sutil, evidencia uma prática bem diferente no cumprimento da ordem anunciada pelo Senhor Jesus.

Isso a título de esclarecimentos, é apenas para efeito didático, pois na prática, é exatamente assim que a Igreja vem se comportando ao longo dos séculos: Diferenciando claramente o Discipulado Cristão praticado, do Evangelismo propriamente dito.

Podemos concluir daí que, pregar o Evangelho e fazer discípulos, são como que duas faces de uma mesma moeda, restando bem definido que a Igreja precisa pregar a Palavra e também fazer discípulos.

 

Se estabelecermos um paralelo entre o enunciado no Evangelho de Marcos e no Evangelho de Matheus, poderemos perceber claramente que, no Evangelho de Marcos a ordem é enfatizada no ‘pregai o Evangelho a toda a criatura’. Já no Evangelho de Matheus a ordem é enfatizada no ‘fazei discípulos de todas as nações’. O Pr. Kenneth Eagleton 12 diz que “Evangelismo e discipulado são atividades importantes  na  vida  cristã  de  cada seguidor de Jesus Cristo e na vida da igreja.

É a maneira pela qual as pessoas passam a conhecer a Jesus como Salvador e Senhor de suas vidas.

Sem estes componentes as igrejas locais estão fadadas a se tornarem irrelevantes, gradualmente perdendo a sua eficácia e entram em decadência. Evangelismo e discipulado devem ocupar um lugar de destaque na igreja, inclusive em sua programação e em seu orçamento [...] Há muita falta de informação e confusão sobre exatamente o que vem a ser evangelismo e discipulado. [...] Não basta alcançarmos as pessoas com o evangelho; elas devem ser também acolhidas e integradas à igreja.

Uma das grandes lástimas das igrejas evangélicas de nossos dias é ver um grande número de convertidos que frequentam a igreja e até se tornam membros, mas que não estão integrados à comunidade. Estes cristãos são passivos, comparecendo à igreja como espectadores, para ver, ouvir e talvez sentir a presença de Deus.

 

12   Pr. Kenneth Eagleton. Evangelismo e discipulado 2015.Campinas, SP

13   Mello, Cyro. Manual do Discipulador Cristão. Rio de Janeiro: CPAD, 2003, p. 14, 22, 126,

Não têm compromisso com a igreja, não participam ativamente das atividades e das decisões do grupo, não assumem responsabilidades e não desenvolvem relacionamentos de fraternidade com outros membros.

Não  há  integração  à  vida  da  igreja.  Podemos  observar seguramente que esse comentário do Pr.  Eagleton  assume  significado  de  Profecia, tão certo ele atinge o alvo.(grifo meu). [...] Muitos novos convertidos infelizmente nunca se integram realmente à igreja e perdem-se muitos outros por falta de um discipulado organizado e de início imediato.

Cyro Mello 13 cita estatísticas levantadas por Valdir Cícego na Igreja Assembleia de Deus que indicam que 60% das “decisões” tomadas nas igrejas são perdidas nas primeiras 2 semanas, somente 10% chegam a se batizar e apenas 5% permanecem na igreja após 5 anos de conversão.”

 

Rick Warren, em seu livro Uma Igreja Com Propósitos (Editora Vida), 14  resume os propósitos da igreja local em cinco áreas principais: 1. Adoração a Deus (Jo 4:23), (Fp 3.3), (Ef 5.19),  Cl (3.16). Culto – louvor – agradecimento – oração – contribuição – viver uma vida agradável a Deus – Somos instruídos a não negligenciar a reunião coletiva para adoração (Hb 10.25). 2. Comunhão: (1 Jo 1.3), (At 4.32), (Jo 13.3), (Sl 13.3.1), (1 Co 12.26) (compartilhando a dor e a alegria). 3. Discipulado: Ensino (Mt 28:20). Um dos dons concedidos por Deus à igreja é o de pastores e mestres (professores) (Ef 4:11) – visando a preparar e equipar o povo de Deus para o serviço. Edificação dos crentes  (Ef 4.11-16),  (Jd 20)  –   a  distribuição  de  dons  a  cada  membro  da  igreja  visa  à edificação de todo o corpo (não à satisfação pessoal). 4. Evangelismo e missões transculturais: Esta função envolve a proclamação da Palavra com o propósito de levar pessoas à conversão. A igreja é a ferramenta principal de Deus para alcançar um mundo perdido. (Mt 28.19,20); (Jo 20.21), (At 1.8; 4.19,20). 5. Serviço: tanto dentro da igreja como na sociedade. Ministrar às necessidades sociais da sociedade combatendo a fome, a ignorância, a pobreza e a injustiça.

 

Esta foi uma preocupação de Jesus: (Lc 4.18-21), (6.35,36), (Mt 25.34-40) – ele curou enfermos, restaurou a função aos que eram cegos e paralíticos, ressuscitou mortos e defendeu as crianças, as viúvas e os injustiçados.

A ação social foi também uma preocupação dos apóstolos (Gl 2.9,10), (Tg 1.27). Veja também (Gl 6.10), (1 Tm 6.11), (Rm 15.26).

Todos os cinco propósitos são essenciais para cada igreja.

Não é uma questão de se escolher um ou mais deles  dizer que sua igreja tem somente este ou aquele propósito.

 

14   Rick Warren, em seu livro Uma Igreja Com Propósitos (Editora Vida)                           

 

Não se pode ser somente uma igreja adoradora ou evangelizadora e assim por diante.

Dentro de todas as igrejas, todos os cinco propósitos devem existir com equilíbrio. Isto é certamente um alvo a ser alcançado, pois a grande maioria das igrejas tem mais facilidade em uma ou mais áreas, mas raramente demonstram um equilíbrio entre todas elas. Tendo em vista os dons espirituais, é óbvio que algumas pessoas têm mais facilidade em uma área ou outra e é por isso que a igreja necessita dos dons espirituais de todos os seus membros.”

 

3.1.1 Segundo o Evangelho de Marcos (Mc 16.15-18)

 

       15 E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o Evangelho a toda a criatura. 16 Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado.

       17 E esses  sinais  acompanharão  os  que  crerem:  Em  Meu  Nome  expulsarão   os demônios; falarão em novas línguas; 18 Pegarão em serpentes com

       as mãos; e, se beberem algo mortífero, não lhes fará dano algum; porão as mãos sobre os enfermos e os curarão.(Mc 16.15-18) (15)

                                                                                                                  

O grande desafio da evangelização é de ir até o pecador, e, apresentando-lhe a necessidade e o conforto do Evangelho, com carinho fraterno, fazer o convite, o chamado para ele que venha assistir os Cultos ao Senhor na Igreja.

Normalmente realizado por pequenos grupos formados dentro da Igreja, deve sempre ser supervisionada e/ou orientada por um Pastor ou por um membro da Igreja experiente nesse mister, pois assim não se incorrerá no grande erro que é muito praticado hoje em dia, que é o de tentar convencer um membro ou frequentador de uma outra Igreja a mudar para a Igreja de quem está “evangelizando”.

Isso seria o mesmo que tentar convencer o “evangelizando” a trocar de assento ou a mudar de lugar no Culto, porque afinal, esse já deve ser considerado um convertido – ele já está na presença do Senhor.

A única exceção se aplica aos casos em que a pessoa a ser evangelizada manifesta o desejo de não continuar frequentando a sua Igreja de origem, não importa por qual motivo. Não se deve dispensar material de apoio, tais como panfletos, jornais, etc... para que se obedeça ao máximo possível a um padrão pré-determinado;

 

(15) Bíblia Reina Valera em Portugues.

(16) Kerygma, proclamar, anunciar o Evangelho .    

 

devem-se fazer reuniões para definir estratégias e trocar experiências entre o grupo, recepcionando e orientando os novos evangelizadores que irão chegando para somar ao grupo. O que não pode nunca ser esquecido é que o evangelizador não está convertendo ninguém, o seu papel é apenas o de anunciar o Evangelho a toda a criatura, pois o trabalho de conversão é totalmente a critério do Espirito Santo.

Ele sim é quem vai regenerar o pecador e traze-lo para Cristo e isso será feito no tempo de Deus. 

O  seu chamado é apenas para ir e pregar (anunciar o Evangelho), muitas vezes para criaturas que somente germinarão para Cristo vários anos à frente no tempo, e alguns até só o farão nos últimos dias de sua  vida. Reforçando: A sua função é de Kerygma (16) , palavra grega que significa proclamar e anunciar o Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo.

 

3.1.2 Segundo o Evangelho de Mateus (Mt 28.19-20)

 

       19   Portanto,  ide,  e   fazei  discípulos  de  todas  as  nações,  batizando-os  em  Nome  do  Pai,  e  do  Filho,  e  do  Espirito  Santo;    20 ensinando-lhes a

       guardar todas as coisas que vos tenho ordenado.  E eis que  Eu estou conosco todos os dias até a consumação dos séculos. (Mt 28.19,20) (17)

 

O discipulado Cristão está um passo adiante da Evangelização, porque, se a evangelização é um primeiro contato com o indivíduo a ser convertido, o Discipulado já envolve um trabalho muito mais minucioso porque o discípulo estará criando um vínculo, um compromisso de seguir e praticar os ensinamentos de Cristo incorporando-os em sua vida diária e vivendo-o em todos os momentos através de uma grande transformação de vida. “Alguns chamam de pré-evangelismo a instrução de doutrinas básicas da fé cristã. O pré-evangelismo é ao mesmo tempo tanto didático como apologético.

 

É didático porque se propõe a estabelecer as doutrinas fundamentais sobre o trino Deus, o que é a Bíblia, pecado, graça, perdão, expiação, céu, inferno, e tantas outras palavras-chaves que preparam o evangelizado para receber a verdade integral para a sua vida. Vivemos numa sociedade pós-moderna onde não basta apenas dizer:  arrependa-se  e  creia  em  Cristo.  É  possível  que  você  perceba que o discípulo carrega consigo uma carga enorme de conceitos estranhos e talvez anticristãos que recebeu em sua formação. É necessário redefinir palavras, com fidelidade à Escritura. Basicamente,  os  fatos  se  desenrolam  em  uma  sequencia  muito nítida:

(17) Bíblia RVP, Reina Valera em Português.  

 

O novo convertido, primeiro foi evangelizado e começou a frequentar a Igreja; segundo, foi preparado para aceitar o Batismo assumindo um compromisso com o Senhor; terceiro, começou a aprender a “continuar conhecendo o Senhor” em um processo de Discipulado onde irá aprender a caminhar em obediência à Palavra e conquistando a sua santificação dia após dia.” [...]

Uma igreja local saudável se desenvolve e cresce naturalmente.

Lucas narra que “a igreja, na verdade, tinha paz por toda a Judeia, Galileia e Samaria, edificando-se  e  caminhando  no  temor  do  Senhor, e, no conforto  do  Espírito Santo, crescia em número” (Atos 9.31).

Quantas pessoas se converteram através da minha evangelização? É triste saber que há cristãos que nunca levaram ninguém a Cristo.

É óbvio que quem realiza a obra sobrenatural e regeneradora é o Espírito Santo, mas "Deus decidiu chamar pecadores perdidos através de pecadores perdoados". O apóstolo João relata que André, após conhecer pessoalmente a Jesus, foi em busca de seu irmão Simão e “o levou a Jesus” (João 1.42). A igreja atual tem gradativamente perdido a noção de que cada cristão é um ganhador de almas.

Até mesmo a expressão “ganhador de almas” soa um tanto que estranho aos nossos ouvidos pós-modernos, mas era um termo muito comum até o fim do século 19. Esta expressão é uma menção à declaração do apóstolo Paulo, que disse: “porque, sendo livre de todos, fiz-me escravo de todos, a fim de ganhar o maior número possível” (I Coríntios 9.19). Somos cooperadores desta maravilhosa obra de reconciliação.

 

A Escritura declara que “somos embaixadores em nome de Cristo, como se Deus exortasse por nosso intermédio. Em nome de Cristo, pois, rogamos que vos reconcilieis com Deus” (II Coríntios 5.20). Evangelizar é compartilhar Jesus, no poder do Espírito, deixando os resultados com Deus. Contudo, devemos regar a semente plantada, enxotar as pragas e ervas daninhas, e garantir não só a maturação dos frutos como a sua reprodução em novas plantas igualmente saudáveis. [...] Os ministérios na igreja local são diversos e também diversos os dons. Portanto, o discipulado deve visar também os demais ministérios dentro da Igreja. Teremos como um resultado natural um número maior de membros envolvidos na evangelização, evitando a ociosidade e outros problemas consequentes.

A mente desocupada é produtiva oficina do diabo!

 

Nenhum ministério (serviço) é superior ao outro. Um ministério depende  do  outro.  Todos  os  ministérios  devem  cooperar  entre  si.  Dentro  dessa  visão, o discipulado ocorre em duas frentes. A primeira visa a edificação, o crescimento pessoal do indivíduo enquanto pessoa, filho de Deus e membro do Corpo de Cristo. A segunda objetiva fazer dele um obreiro, um cooperador, um multiplicador da vida de Deus em outros.

Os ministérios são fortalecidos quando um membro que tem determinado chamado, determinado dom, é acompanhado por alguém que já milita naquela direção. Por exemplo, um músico novo convertido acompanhado por alguém da rede de louvor e adoração será bem suprido tanto na vida pessoal como na sua inclinação vocacional. Da mesma forma, um professor crescerá e desenvolverá os seus dons (naturais e espirituais) quando caminha junto com alguém que flui nessa área. (18)  

Essa descrição foi tão abrangente que não poderíamos fechar esse tema sem a sua completa transcrição.

CAPÍTULO IV

4.1 O DISCIPULADO PRATICADO PELOS APÓSTOLOS

             Conforme a introdução ao Evangelho de Lucas descrito na Bíblia King James Atualizada (BKJA), Lucas foi o autor do Evangelho de Lucas e do livro Atos dos Apóstolos. É o único autor gentio que figura no Novo Testamento, tendo sido amigo e companheiro de ministério do Apóstolo Paulo, e o acompanhado em várias das suas viagens missionarias.

Mesmo não tendo sido testemunha ocular da vida de Jesus Cristo, andou com Deus e, cheio do Espírito Santo, foi missionário até a sua morte. Seus livros são fruto de pesquisas feitas junto a várias testemunhas oculares do ministério do Senhor Jesus, principalmente do Apóstolo Paulo a quem sempre acompanhava de perto, e foram primeiramente dirigidos a Teófilo, um alto oficial do Império Romano, que, segundo historiadores, patrocinou Lucas nesse projeto e investigação acurada de todos os fatos concernentes à vida do Senhor Jesus. No livro Atos dos Apóstolos,  Lucas,  o médico amado, faz a revelação de como os Apóstolos praticavam o conjunto formado por Evangelização, discipulado e Missão Apostólica, os doze Apóstolos, já considerando aqui Mathias substituindo Judas Iscariotes (At 1.26), tendo recebido a ordem do Senhor Jesus para anunciar o Evangelho (Mt 28.18-20), (Mc 15-18), (Lc 24.46-49),  em  Jerusalém, na  Judeia  e  Samaria, e por toda a terra (At 1.8) que estabelecia A  Grande Comissão. O Livro de Atos dos Apóstolos nos permite acesso ao melhor e mais eloquente registro sobre a expansão da Igreja de Jesus Cristo e da religião cristã, desde o dia da descida do Espírito Santo no dia de Pentecostes. (19)

 

(18) Extraído, com adaptações, do livro Ide e fazei discípulos: fundamentos práticos para ser e fazer discípulos de Jesus, de Abe Huber e Ivanildo Gomes. Publicado em Fortaleza pela MDA Publicações e Premius Editora, 2012. pp.69-73.  Site: www.revistamda.com/o-objetivo-do-discipulado/  Acesso em 11/07-2017

(19) BKJA,2002. Abba Press. Sociedade Bíblica Ibero Americana         

16

A Palavra Apóstolo significa enviado. Nesse sentido, todo missionário é um apóstolo. No II século da Igreja, os missionários eram chamados de apóstolos.

Contudo, esse título só pode ser aplicado aos 12 apóstolos de Jesus e ao apóstolo Paulo, o último dos apóstolos. A autoridade na vida dos apóstolos é a base da nossa doutrina. Eles foram as testemunhas da morte e ressurreição de Jesus. Foram as testemunhas cheias do Espírito e afirmaram que Deus, com a sua destra, elevou a Jesus, a Príncipe e Salvador, para dar a Israel o arrependimento e remissão de pecados. A Igreja está edificada sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, tendo como pedra principal o Senhor Jesus. (Leia Efésios 2.20). Os apóstolos tiveram uma revelação clara de Cristo ( Leia Efésios 3.5). O Mandamento do Novo testamento foi entregue por Cristo aos Apóstolos (leia II Pedro 3.2). A cidade celestial está estabelecida na doutrina dos doze apóstolos (Leia Ap 21.14).

A igreja é chamada a perseverar na doutrina dos apóstolos (Leia Atos 2.42). A Igreja trabalha,  ministra,  faz  discípulos  segundo   a   doutrina   e   o   modelo   dos Apóstolos. Por esse motivo não aceitamos hoje pessoas se auto denominarem apóstolos. A missão específica de Apóstolo foi encerrada com Paulo, mesmo que depois muitos, na igreja, se intitularam apóstolos ou exerceram cargos denominados apostólicos. As decisões dos apóstolos são a nossa doutrina. Por exemplo. Em Atos 15 os apóstolos decidem pelo Espírito Santo que, os crentes não precisavam guardar as Leis e mandamentos de Moisés. Deveriam apenas fugir da idolatria, dos alimentos consagrados aos ídolos, da prostituição, da carne com sangue e da  carne sufocada (Leia Atos 15.28,29). Hoje estamos debaixo da doutrina dos apóstolos. Conclusão: Os apóstolos não obedeceram a uma ordem que contrariava os princípios de Cristo, mas estimularam a obediência aos líderes. (Leia Hb 13.17). O princípio de autoridade espiritual é bênção para o discípulo. Cada discípulo tem uma autoridade espiritual sobre si. O discípulo precisa ser obediente ao seu discipulador. Toda rebelião a autoridade do discipulador ou do pastor gera maldição e abre brechas espirituais. Na visão do discipulado, crente que não obedece a seu líder é porque ainda não é discípulo e não aprendeu o princípio da legalidade espiritual. Sardinha, Edson Cortasio. Discipulado em Atos dos Apóstolos. Roteiros para Pequenos Grupos; Pg 33,34.(20)  

 

Sempre sob a orientação do Espírito Santo, os Apóstolos e os discípulos pregavam destemidamente  o  Evangelho,  seguindo  fielmente  o  modelo  de  discipulado  ensinado por Jesus.

.(20)  Sardinha, Edson Cortasio. Discipulado em Atos dos Apóstolos. Roteiros para Pequenos Grupos; Pg 33,34 

17

Assim como Jesus, pregavam as Boas Novas nas Sinagogas, nos caminhos, nas praças e nas cidades em que chegavam, gerando um grande número de convertidos. Esses novos convertidos eram reunidos nas casas, discipulados na Palavra, batizados em Nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, e os que se tornavam discípulos assumiam o seu compromisso de estabelecer  novas  igrejas  ou  partir  para  discipular  em  novos  lugares, novos povos, novas nações. Em cada núcleo que se formava,  Apóstolos  e  discípulos  acompanhavam a formação dos discipulandos ensinando-os (21) por um tempo que ia de alguns meses até alguns anos e só depois de firmados na Palavra é que seguiam adiante, em uma nova Missão.

“Paulo repetia suas exortações aos Filipenses (Fp 3.1) - o que há muito venho sendo exortado: que a evangelização agressiva ao estilo apostólico é necessária. Paulo previa que em determinado período na história da Igreja, haveriam de surgir grupos contrários à doutrina bíblica como única regra de fé, e tentariam adulterá-la, adaptando-a conforme as suas próprias concupiscências (Tm 4-3.4). Por esse motivo devia-se pregar, instar, redarguir,  repreender  e  exortar com grande amor a tempo e fora   de tempo, (2Tm 4.2), ou seja, cada oportunidade de anunciar o evangelho deve ser       aproveitada com a  máxima diligência.” (23)

É no livro de Atos dos Apóstolos que temos registrado o primeiro movimento de discipulado da era cristã. É também onde está registrado o mais amplo e profundo movimento de dispersão do Evangelho através das Nações do mundo todo.

 

4.2 O DISCIPULADO PRATICADO PELA IGREJA PRIMITIVA

             Na era pós-apostólica e dentro ainda do conceito de era da igreja primitiva, considerando-se o período que vai do primeiro século até ao quinto século A.D. a Igreja continuava a experimentar um crescimento vigoroso. No livro de Missiologia, da Faculdade Teológica Nacional, página 137 (23), consta que, “naquela época, os cristãos eram especialmente numerosos em toda a região da Ásia Menor. Na segunda década do segundo século, Plínio, governador  da  Bitínia  queixou-se  ao  imperador  romano, dizendo-lhe que os templos pagãos estavam completamente vazios por causa da influencia da nova superstição (a fé Crista) que invadiu toda a Bitínia (At. 16:7; I Ped. 1:1).

 

(21) “Ensinando” originado da palavra grega “matheteuo” o que significa “fazer discípulos”.       

(22) Missiologia, PDF, Faculdade Teológica Nacional, Pg.27             

(23) Missiologia, da Faculdade Teológica Nacional, página 137    

18

 

Um pouco mais tarde, Justino o Mártir escreveu: "Não há um povo, grego ou bárbaro, ou nenhuma outra raça entre os quais não se proclame a Jesus e não se faça orações ao Pai em seu Nome."

Cerca do ano 200 A.D. Tertuliano declarou que "pessoas de todas as raças, condição e status social estão vindo para o Cristianismo."   No  começo  do   século   terceiro   quando   o   império  romano  começou   a desmoronar-se, grande numero de pessoas vieram para o Cristianismo.

Will Durant em sua obra Caesar and Christ, declara: "No caos e terror do terceiro século os homens fugiam da fraqueza do estado romano para consolar-se na religião, e a encontraram mais abundantemente no Cristianismo." (24)

No começo daquele século o Cristianismo era dominante na província da Frigia e através da Ásia Menor, formando uma larga minoria da população. Os historiadores informam que no norte da África as conversões eram tão numerosas que se transformava em um verdadeiro movimento de massa. Antioquia, a mais antiga Igreja do oriente depois de Jerusalém, é um exemplo notável. João Crisóstomo, no quarto século, disse que a Igreja de Antioquia, correspondia a dois terços de uma população de 500 mil pessoas. O bispo Stephen Neill informa-nos que em grande parte do império romano a Igreja representava a metade da população no quarto século da era Cristã.” Diz ainda que “Durante o período de paz, de 260 a 300, a Igreja teve a oportunidade de estender largamente a sua influência por todo o império. Estas quatro décadas, justamente antes das perseguições movidas pelo imperador Deocleciano, foi um tempo de um crescimento sem precedentes.  O  historiador  Edward  Gibbon, em sua obra The Triumph  of  Christendom in the Roman Empire, informa-nos: "Convertidos  entraram aos  milhares  no  Cristianismo.  Em  quase todas as cidades foram construídas Igrejas, as quais não cabiam as pessoas que afluíam, diante do rápido crescimento e da multidão e prosélitos." (25)  Naturalmente, um dos sérios problemas é que, em alguns casos, entravam no Cristianismo trazendo consigo o seu paganismo.”

Essa fase áurea de crescimento do cristianismo, certamente foi resultado da consequente coincidência com o inicio do declínio do império romano, onde, por não haver perseguições de cristãos na época do Imperador Constantino, quando o cristianismo atravessou décadas de calmaria sem sofrer  as  terríveis  perseguições  de  que  eram  frequentemente  vítimas,  calmaria  essa  que  prenunciava  o  terror  produzido  pelo  governo    do 

(24) Edward Gibbon. The Thriumph of Christendom in the Roman Empire (London, England: Allen and Unwin, 1981), 125.                                                                                                                                  

(25) STORMS, Sam. Uma visão geral da história da Igreja. Tradução Felipe Sabino de Araujo Neto. Site: www.monergismo.com

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Imperador  Diocleciano,  no que foi chamado de “A grande perseguição”, ultima e talvez a mais sangrenta perseguição já efetuada contra os cristãos. De qualquer forma, o grande crescimento numérico da Igreja está mais ligado  á  obediência  às  ordens  dos  Imperadores  de  Roma  que, ao adotarem o cristianismo como religião oficial do Império, decretava sumariamente que o povo fosse batizado, e adotasse o cristianismo como religião oficial. Consequentemente, obedecia-se às ordens mais por medo do que por fé. Essa é uma época em que a Igreja, de perseguida tornou-se perseguidora; seus líderes que eram exemplares na igreja primitiva, agora eram corruptos; A Igreja que proporcionava liberdade aos fiéis, agora era escravizadora aos interesses do clero. Visivelmente, agora, podia-se observar a ausência de um discipulado cristão convincente, que fora substituído por um aliciamento que era fruto do terror .

 

4.3 O DISCIPULADO PRATICADO NA ERA MEDIEVAL

             A era medieval ou idade média compreende um período que vai desde o  século V até ao século XV; Esses 10 séculos da idade média podem ser também chamados de era da escuridão ou idade das trevas, e teve seu início com a queda do Império Romano. Sam Storms, em seu artigo “Uma visão geral da história da Igreja” dividiu essa era em dois períodos: Cristianismo Patrístico - 95 d.C. a 590 d.C.  e Cristianismo Medieval – 590 d.C. a 1517 d.C.    

            I. Cristianismo Patrístico - 95 d.C. a 590 d.C.   

a. A Idade das Apologéticas – este período data desde 95 d.C., geralmente considerado como o ano quando o último livro do cânon do Novo Testamento (Apocalipse) foi escrito, até 325 d.C. e o Concílio de Nicéia.  Alguns  preferem 312 d.C., o ano em que Constantino se converteu ao Cristianismo. O Edito de Milão, em 313 d.C., pôs fim efetivamente à perseguição da igreja como um movimento minoritário e concedeu-lhe um status legal pleno, para ser igualmente tolerada com todas as outras religiões. Durante este período, a igreja se esforçou para se defender contra as ameaças do paganismo, tanto politicamente como teologicamente.

b. A Idade das Polêmicas – de 325 d.C. até o aparecimento de Gregório (o último dos Pais da Igreja e o primeiro dos verdadeiros Papas), em 590 d.C.

 

20

Seguindo a conversão de Constantino, a igreja “se moveu rapidamente da solidão das catacumbas  ao  prestígio dos palácios” ( Shelley ). Com o poder do Estado ao seu favor, a igreja começou a exercer sua influência moral sobre a sociedade como um todo. Com prestígio e influência política, contudo, veio também  a  corrupção  interna.  

O  Monasticismo  emergiu  em  protesto   desta secularização da fé. Em 392, o imperador Teodósio I estabeleceu o Cristianismo como a única religião legal do Império Romano. Foi durante este período também que as maiores controvérsias doutrinárias foram travadas e resolvidas em concílios teológicos sancionados pelo Estado.

 

II. Cristianismo Medieval – 590 d.C. a 1517 d.C.

a.   A Idade da Hierarquia Papal ­ desde Gregório o Grande (590) até a divisão entre Oriente e Ocidente (1054), ou até Gregório VII (1073).

A principal característica desta época, frequentemente referida (talvez sem justificação) como Idade das Trevas , foi o estabelecimento e solidificação do poder da hierarquia papal Católica Romana.

b.    A Idade do Escolasticismo ou Sistematização - de 1054/1073 até o começo da Reforma Protestante em 1517. Durante este período, a doutrina cristã foi totalmente  sistematizada  através  da  filosofia  e  teologia  dos  sacerdotes, tais como Anselmo(1033-1109), Peter Abelard (1142), Hugo de São Vítor, Peter Lombard, Alberto o Grande, Duns Scotus, alcançando seu zênite na obra monumental de São Tomás de Aquino (1225-74), cuja teologia (chamada Tomismo ) foi declarada eternamente válida para o Catolicismo em 1879. [Foi também durante este período que a igreja Oriental se dividiu da Romana (1054)] (26)

 

Este ano de 1054 marca o grande evento chamado de O Cisma do Oriente. Esse é o nome dado à divisão da Igreja Católica Apostólica Romana chefiada pelo Papa em Roma e a Igreja chefiada pelo patriarca em Constantinopla (antiga Bizâncio  e atual Istambul). O Cisma foi o resultado  de  um  constante  distanciamento  entre  as  práticas  cristãs  efetuadas  pelas  duas vertentes do catolicismo, além de representar uma disputa pelo poder

(26) STORMS, Sam. Uma visão geral da história da Igreja. Tradução Felipe Sabino de Araujo Neto. Site: www.monergismo.com

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político e econômico na região mediterrânica. Antes da cisão entre  as duas  igrejas havia  uma  unidade  entre  elas em decorrência da estrutura do Império Romano. Em Roma, localizava-se o papa, exercendo no continente europeu a autoridade máxima, além da existência de duas outras autoridades com o mesmo poder, um patriarca em Alexandria, no Egito, e outro patriarca em Constantinopla. O patriarca de Alexandria perdeu sua importância após a anexação do Egito ao Império Muçulmano. A partir de então, surgiria a Igreja Ortodoxa ou Igreja Católica do Oriente, com sede em Constantinopla, e a Igreja Católica Apostólica Romana, sediada em Roma. Até os dias atuais as igrejas permanecem cindidas, apesar de algumas tentativas de reaproximação realizadas desde o Cisma do Oriente. (27)

Torna-se claramente visível que a Igreja desse período, esteve centrada em torno de si mesma, sem com isso se preocupar com o tema evangelização ou discipulado cristão. O que mais se aproximou da ideia de evangelização nesse período, foi a instituição da Santa Inquisição, que levava os cristãos a confessarem sua fé Católica ou a enfrentar o terror dos tribunais inquisitórios que condenavam por heresias qualquer ideia que conflitasse com os interesses da Igreja. O terror gerado pelos interrogatórios dos tribunais inquisitórios explicava-se fartamente com a observação das torturas a que eram submetidos os infelizes que caíam em suas garras. Não era necessário qualquer tipo de prova de acusação, bastava uma denúncia que podia até ser anônima, para que os inquisidores iniciassem os interrogatórios sob torturas, as mais cruéis imagináveis, com o desfecho frequente de condenação e morte na fogueira. O que mais se aproximou da ideia de discipulado ou Missões, foi a instituição das Santas Cruzadas ou Guerras Santas cujo período abrange o intervalo do ano 1.000 até o ano de 1.500. Apesar de ter um cunho religioso, tinha também um cunho político e econômico. (28)

                                               “A  expansão  da  igreja no norte da Europa e o combate aos muçulmanos ocorreram  em  função  de  interesses  políticos e  por  questões   religiosas.               

 

27) Livro de Missiologia, Faculdade Teológica Nacional, pag. 153  

(28) PINTO Tales dos Santos, Idade Média, O cisma do oriente e a divisão do catolicismo. Disponível em: http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/historiageral/cisma-oriente-divisao-catolicismo.htm Acesso em: 30/07/2.018 às 13:12Hs

 

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                        As   cruzadas   iniciaram-se   em   1096   com   o   objetivo de expulsar os muçulmanos do sul da Europa e durou de certo modo até 1492, quando os mouros foram vencidos definitivamente. Podemos destacar sobre as cinco primeiras cruzadas armadas contra o domínio dos muçulmanos, os seguintes  aspectos históricos: - A primeira cruzada iniciou-se em 1096 e conquistou a idade de Nicéia, Antioquia e finalmente em 1098, conquistou Jerusalém (o alvo da cruzada),  numa  das mais sangrentas e violentas batalhas. – A segunda ruzada também rumo a Jerusalém foi um fracasso, e foi derrotada em 1187, quando   os   muçulmanos reconquistaram Jerusalém. - A terceira cruzada, chamada  cruzada  dos  Reis, iniciou-se em 1189 como reação ao fracasso anterior; também foi fracassada,  mas  obtiveram  um  acordo,  a  permissão  da  entrada  dos    peregrinos em Jerusalém. - A quarta cruzada iniciou-se em 1202  para  atacar os  muçulmanos no Egito, e fazê-lo de base para as operações  contra a Palestina. Contudo, ao passar por   Constantinopla, saquearam-na e tomaram e o poder. - A quinta Cruzada aconteceu em 1219, no Egito, cuja  Cruzada  teve  a  companhia  de  Francisco  de  Assis.  São lamentáveis os resultados  das  cruzadas  armadas.  Estes  resultados  trágicos   ainda   se  refletem no difícil relacionamento entre cristãos latinos e os orientais e entre os cristãos e muçulmanos. Elas   acentuaram a intolerância religiosa, e justificaram a   guerra   desde que em defesa da fé. Deram início às ordens monásticas militares, e fortaleceram o poder do papa na igreja ocidental. (29) "Do ponto de vista da história, todo o movimento das cruzadas foi um vasto fiasco". (30)

 

Do livro de Missiologia, da Faculdade Teológica Nacional, retiramos o texto que segue, ainda que com palavras nossas na descrição: “É importante registrar que os resultados das cruzadas são até hoje vívidos na memória dos muçulmanos e as cicatrizes que eles carregam dificilmente serão esquecidas. Entretanto, no inicio do século XIII, um monge chamado Francisco de Assis, realizou três tentativas de apresentar o Evangelho aos muçulmanos;

 

29  Livro de Missiologia, Faculdade Teológica Nacional, pag. 153          

30  Stephen Neill. História das Missões. (São Paulo, SP: Edições Vida Nova, 1997), 177.           

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Após duas tentativas sem expressão, uma em 1212 no Marrocos e outra em 1214 na Espanha, uniu- se à quinta cruzada acampada no Egito em 1219. Essa iniciativa de Francisco de Assis representou o surgimento de um novo espírito nos métodos missionários da Igreja. A partir de então, os Franciscanos e os Dominicanos se destacaram no empreendimento da obra missionária. Ambas as ordens missionárias eram imbuídas de características bem distintas, pois, enquanto os Franciscanos vinculavam uma expressão de amor, simplicidade e alegria ao mundo cristão,  os  Dominicanos  apresentavam  características  mais  severas, objetivando ser intelectualmente competente  e  dedicada  à  conversão  dos  pagãos  em  especial por meio da

pregação, sendo   caracterizada por  um forte impulso missionário existente entre seus membros. Nessa época, entra em cena um dos nomes mais marcantes da história cristã medieval:            Raymond Lull”

O espanhol  Raymond Lull  deve  figurar como um dos maiores missionários na história da Igreja. Outros possuíram o ardente desejo de pregar o Evangelho aos muçulmanos e se necessário fosse, sofrer no cumprimento desta missão. Contudo, coube a Raymond Lull ser o primeiro a desenvolver uma teoria de missões, não apenas por desejo de  pregar o evangelho, mas para trabalhar com um cuidado pormenorizado na forma de fazê-lo. Lull nasceu em 1235, em Maiorca, uma ilha à costa da Espanha, no Mediterrâneo, cinco anos depois  de  os  Catalães (sob a chefia do rei Jaime, o conquistador) terem conquistado a ilha dos muçulmanos. Quando jovem, depois de  vários anos de uma vida devassa e promíscua, ele teve uma profunda experiência religiosa de conversão e a partir dali tudo mudou em sua vida.

A reação inicial de Lull ao chamado para o serviço cristão foi característico da era em que vivia. Ele dedicou seu tempo à vida   monástica – ao jejum, à oração e à meditação. A maior demonstração  de  amor  por  Deus,  segundo  acreditava,  era   viver  como monge recluso, completamente  separado  das  tentações  do  mundo.  Segundo  informa-nos Eliott Whight,(31) em sua obra  Holy  Company:  Heroes  and  Heroines,  sua   perspectiva   cristã mudou a partir de uma visão que ele teve: Uma visão, porém, tornou-o consciente de suas responsabilidades para com os que o rodeavam. Esta visão tornou-se o seu chamado missionário. Enquanto se achava numa floresta  à  sós  com Deus, bem distante das distrações do mundo, ele se encontrou com um peregrino que, ao saber da vocação escolhida por Lull, o

 

(31 Elliot Wright. Holy Company: Christian Heroes and Heroines (New York, USA: Macmillan Company, 1980), 234.

 

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repreende pelo seu egoísmo e o desafia a seguir para o mundo e levar a outros a mensagem de Cristo. Esta visão motivou Lull a dirigir suas energias para missões e, em particular, aos Sarracenos – os mais odiados e temidos inimigos da Cristandade. (32)

 

Ainda do livro de Missiologia, da Faculdade Teológica Nacional: “O tema central de todas as ambições e objetivos de Raymond Lull era a conversão dos muçulmanos à Cristo.

Primeiro, foi atraído pelos Dominicanos. Não encontrando, porém, apoio para os seus planos e empreendimento missionário, transferiu suas afeições para os Franciscanos. Lull era da opinião que a evangelização dos Sarracenos exigia três estágios condicionais.

Ou seja, sua abordagem missionária era tripla: Educacional, Evangelística e Apologética.

 Primeiro, No campo da Educação Missionária: Raymond Lull cria ser de fundamental importância que, para evangelizar os muçulmanos, os cristãos precisavam conhecer a sua linguagem. Com os recursos que conseguiu, Lull abriu um mosteiro em Miramar, na ilha de Maiorca com 13 monges Franciscanos e um currículo incluindo cursos na língua árabe e geografia de missões. Conforme informa-nos Stephen Neill, “em 1311 o concílio de Viena, cedendo aos argumentos de Lull, decidiu criar cinco colégios em associação com as mais famosas universidades do mundo: Roma, Bolonha, Paris, Oxford e Salamanca, para o estudo  

das línguas do mundo muçulmano.” (33)  Segundo, no campo da Evangelização: Raymond Lull não foi o primeiro cristão a interessar-se pela língua árabe. Haviam existido notáveis linguistas na Espanha medieval e foi  por  meio de suas traduções do árabe para o latim que o conhecimento de Aristóteles começou a ser difundido no ocidente. Contudo, Lull foi decerto o primeiro a relacionar o estudo do idioma árabe com a evangelização.. Conforme aprendeu, uma coisa era pregar missões e outra coisa era praticar ele mesmo o que pregava. Ele cria que os cristãos deveriam oferecer um testemunho fiel e corajoso perante os Sarracenos, mesmo à custa da própria vida. Empreender a pregação do evangelho em países muçulmanos era decerto uma decisão perigosa, pois tal fato constituía, sob a lei islâmica, uma ofensa punível com a morte. O bispo Stephen Neill faz a seguinte assertiva: Lull não era um homem que formulasse pensamentos que não estivesse pronto  a   traduzir  em  atos.   Ele  fez  sozinho,  quatro  viagens  missionárias  para  pregar  o evangelho aos países muçulmanos do norte da África.

(32) Elliot Wright. Holy Company: Christian Heroes and Heroines (New York, USA: Macmillan Company, 1980), 234.

(33) Neill, História das Missões, 138.

 

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Na sua quarta viagem missionária em 1315, ele foi preso, agredido e apedrejado em praça pública na cidade de Bugia, na Argélia. (34)  

Elliot Wright em sua obra Holy Company: Christian Heroes and Heroines, comenta: Ele se achava no porto de Gênova para viajar para a Tunísia. Seus pertences se achavam-se a bordo do navio e multidões de conhecidos se apinhavam, todos prontos para uma despedida ruidosa.

Então, no último momento, ele foi engolfado pelo terror, com a idéia do que poderia acontecer-lhe naquele país muçulmano para o qual se dirigia. A possibilidade de suportar tortura, prisão perpétua, ou a própria morte, apresentou-se lhe com tanta força que não podia suportar. (35)  

Os temores de Lull quanto ao trabalho missionário na Tunísia não eram infundados.

A Tunísia era um centro poderoso do Islamismo na África do Norte que resistira a repetidas invasões. Os cruzados eram vistos com ódio e ressentimento. A chegada dele à primeira vez, não foi porém, acolhida com tanta hostilidade. Ele apresentou-se aos principais eruditos muçulmanos e solicitou depois uma conferência para debater os méritos relativos ao Cristianismo. Quando teve oportunidade de defender o Cristianismo, ele estabeleceu uma posição doutrinária que, era ortodoxa e evangélica, com pouca teologia medieval e um mínimo de ideias romanas.

Todo homem sábio deve reconhecer que a religião, para ser verdadeira, Atribui a maior perfeição ao Ser Supremo e não só transmite a mais alta concepção de todos os seus atributos, sua bondade, poder sabedoria e glória, mas demonstra a harmonia   e   igualdade   existente   entre  eles.  A  religião  deles  era  porém,  deficiente  por reconhecer apenas dois princípios ativos na Divindade, sua vontade e sabedoria, deixando sua bondade e grandeza inoperantes como se fossem qualidades indolentes, nãos sendo chamados para o exercício ativo. Mas a fé Cristã não podia ser acusada desta falha. Em sua doutrina da Trindade ela transmite a mais alta concepção da Divindade, como o Pai, o Filho e o Espírito Santo em uma simples essência e natureza. Na encarnação do Filho ela revela a harmonia existente entre a bondade e a grandeza de Deus; e na pessoa de Cristo demonstra a verdadeira união do Criador e criatura; enquanto na paixão que sofreu por causa de seu grande amor pelo homem, ela estabelece a harmonia daquele que por nós, homens, e pela salvação e restituição a nosso estado de perfeição, submeteu-se a esses sofrimentos e viveu e morreu pelo homem.(36)

 

(34) Ibid., 140

(35)  Wright, Holy Company,233. WINTER, R.; HAWTHORNE, S.C.; BRADFORD, K.D. (Ed)

(36) Edith Deen. Great Women and men of the Christrian Faith ew York: Harper & Row, 1959), 6.

 

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Terceiro lugar, no campo da Apologética: Ele queria que os Cristãos compusessem livros em que a verdade da religião Cristã fosse comprovada por razões necessárias. Ele foi impelido nesta direção, em virtude dos seus próprios encontros com muçulmanos cultos e devido a ter

obtido conhecimento dos pontos de vista muçulmanos. A teologia muçulmana havia desenvolvido a sua própria escolástica e tinham a certeza de demonstrar a verdade das suas doutrinas para lá da possibilidade de erro. Segundo assevera Wright, “Lull inventou um sistema filosófico para convencer os muçulmanos e os demais não-cristãos da verdade do Cristianismo.” (37) Lull foi um sábio e profundo entendedor de todos sistemas filosóficos do seu tempo.

Conforme o testemunho de Tucker, “a contribuição de Lull como apologista cristão aos muçulmanos foi imensa. Escreveu cerca de 60 livros sobre teologia, muitos dos quais eram dirigidos aos intelectuais muçulmanos. O tema que maus desenvolveu se associava à doutrina de Deus. (38)  Apesar de Lull sempre afirmar que se aproximava dos muçulmanos com amor, sua mensagem era bastante ofensiva para o muçulmano, é claro. O historiador Kenneth Scott Latourette declara: “Um dos argumentos de Lull era apresentar os Dez Mandamentos como a Perfeita lei de Deus, e depois demonstrar nos próprios livros dos muçulmanos que Maomé havia  violado  cada  um  dos  mandamentos.“ (39)  Embora os muçulmanos fossem o principal

objeto da paixão missionária de Lull, os judeus chamaram sua atenção. Os séculos XII e XIII foram manchados por terríveis histórias de anti semitismo Os judeus eram acusados de quase todo os males da sociedade e, como resultado, foram expulsos da França e Inglaterra naquela época medieval. – cujo castigo pareceu brando Conforme afirma Sherwood Wirt em seu artigo God´s Loved Ones: em comparação ao infligido pela inquisição espanhola. Aqui e ali, indivíduos mais ousados defendiam os judeus e entre eles achava-se Lull. Ele  os  abordou  com  amor, apresentando-lhes Cristo como o seu Messias e Mestre. A missão de Raymond Lull era experimentar se poderia persuadi-los, conferenciando com os seus sábios e manifestando a eles, segundo o método divinamente concedido, a encarnação do Filho de Deus e as três pessoas da Santíssima Trindade na unidade Divina da essência.

 

(36) Edith Deen. Great Women and men of the Christrian Faith ew York: Harper & Row, 1959), 6.

(37) Ibid., 235.

(38) Ruth Tucker, Até aos Confins da Terra (São Paulo, SP: Edições Vida Nova, 1996), 54.

(39) Kenneth Scoth Latourette. The First Five Centuries (Grand Rapids, Michigan: Zondervan Publisching Company, 1970), 213.

 

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Ele procurou estabelecer um parlamento de religiões, onde desejava confrontar face a face o monoteísmo pobre do Islamismo com a revelação do Pai, do Filho e do Espírito Santo.”

 

4.4 O DISCIPULADO PRATICADO PELAS IGREJAS CONTEMPORÃNEAS

 

             Conforme o artigo intitulado Uma Visão Geral da História da Igreja, de Sam Storms, esse período que se iniciou por ocasião da Grande Cisma do Oriente (1054) até  o começo da Reforma Protestante (1517) representa a saída da Idade das Trevas, nomeada como A Idade do Escolasticismo ou Sistematização - durante esse período a doutrina cristã foi totalmente sistematizada através da filosofia e teologia dos sacerdotes, tais como Anselmo (1033-1109); Peter Abelard (1142); Hugo de São Vítor; Peter Lombard; Alberto o Grande; Duns Scotus; alcançando seu zênite na obra monumental de São Tomás de Aquino (1225-74), cuja teologia (chamada Tomismo ) foi declarada eternamente válida para o Catolicismo em 1879.  Adentramos então no período do Cristianismo Moderno.

Cristianismo Moderno - 1517 d.C. até o presente  

a.  A Idade da Reforma Protestante e do Confissionalismo Polêmico – da postagem de Martinho Lutero das 95 teses (1517) até a Paz de Westphalia (1648-50). “A paz de Westphalia representa um acordo assinado entre países europeus que encerrou a guerra dos trinta anos;

Em 30 de Janeiro de 1648 foi assinado o tratado de paz entre Espanha e os Países Baixos, e em 24 de Outubro do mesmo ano foi assinado o tratado de paz entre o Sacro Império Romano-Germânico, os outros príncipes alemães, a França e a Suécia.” (40)

Este período testemunhou o triunfo da Reforma Protestante na Europa (com o florescimento das quatro maiores tradições do Protestantismo antigo: Luterana, Reformada, Anabatista e Anglicana),  bem  como  a  reação  de  Roma  na  Contra-Reforma  Católica e a influência dos Jesuítas.  O  século  XVII  foi  caracterizado  pelo  desenvolvimento  do  escolasticismo  e  da ortodoxia credal. “Escolástica ou escolasticismo (do termo latino scholasticus, e este por sua vez do grego σχολαστικός [que pertence à escola, instruído]) foi o método de pensamento crítico dominante no ensino nas universidades medievais europeias de cerca dos séculos IX ao XVI. Mais um método de aprendizagem do que uma filosofia ou teologia, a escolástica nasceu nas escolas monásticas cristãs, de modo a conciliar a  cristã com um sistema de pensamento  racional,  especialmente  o  da  filosofia  grega

 

(40) SALOMÃO Gilberto, Paz de Vestfália: Acordo entre países europeus encerrou a Guerra dos Trinta Anos... - Veja mais em https://educacao.uol.com.br/disciplinas/historia/paz-de-vestfalia-acordo-entre-paises-europeus-encerrou-a-guerra-dos-trinta-anos.htm Acesso em: 30/07/2018, 13:51Hs

 

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 Colocava   uma   forte   ênfase na dialética para ampliar o conhecimento por inferência e resolver contradições. A obra-prima de Tomás de AquinoSumma Theologica, é, frequentemente, vista como exemplo maior da escolástica.” (41)

Movimentos reacionários e reavivalistas emergiram nos últimos estágios deste período, parcialmente em oposição à aparente estagnação que se estabeleceu no meio de muito do Protestantismo.

b.   A Idade do Racionalismo e do Reavivamento ­– de 1650 à Revolução Francesa (1789).  Também conhecida como a Idade da Razão, visto que a ciência substituiu a crença no sobrenatural, à medida que a igreja ficou debaixo da influência poderosa do Iluminismo (no qual a razão era estimada acima da revelação).

Os grandes movimentos de reavivamento na Inglaterra (os Wesleys) e na América (Edwards e Whitefield) foram a melhor defesa da igreja contra a invasão do humanismo. 

c.  A Idade do Progresso – de 1789 até a Primeira Guerra Mundial (1914). Os primeiros anos deste período foram caracterizados pela reviravolta política (as Revoluções Americana [1776] e  Francesa [1789]) e  pela  transformação  social (a Revolução Industrial).  A emersão da alta crítica Alemã e a publicação da Origem das Espécies de Darwin ativaram uma filosofia que ameaçava minar os fundamentos da ortodoxia. Foi durante os últimos estágios deste período que vemos a emersão do que é conhecido como um liberalismo teológico moderno.

d.  A Idade das Ideologias – de 1914 (Primeira Guerra Mundial) até os dias de hoje. Durante este período a pletora de novos deuses se levantou para competir pela fidelidade da mente secular. Comunismo, Nazismo, Facismo, liberalismo teológico (que foi desafiado pela reação da neo-ortodoxia Bartiniana), socialismo, ecumenismo, individualismo, humanismo estão entre as ideologias mais competitivas.

A igreja respondeu a este assim chamado modernismo com os seus próprios ismos , Fundamentalismo,   e   finalmente   o   mais intelectualmente    sofisticado    e    culturalmente Engajado, Evangelicalismo. Outros desenvolvimentos dignos de nota foram o Denominacionalismo e o movimento Pentecostal/ Carismático. (42)

 

4.4.1 A visão das Igrejas Históricas

Longe da intenção de apresentarmos as minúcias dos motivos que levam as Igrejas a

(41) https://pt.wikipedia.org/wiki/Escolástica  Acesso em 21/08/2017, 11:26Hs

 

(42) STORMS, Sam. Uma visão geral da história da Igreja. Tradução Felipe Sabino de Araujo Neto. Site: www.monergismo.com.  acesso em 17/08/2017, 22:47Hs

 

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adotarem um modelo de discipulado cristão para aplicar nos seus cursos de discipulado, até porque isso tornaria esse trabalho muito extenso, vamos apresentar apenas um quadro resumido dos modelos escolhidos pelas principais Igrejas, começando aqui pela Igreja Luterana.

a) Igreja Luterana

 “Ultrapassando a idéia inicial de um programa de instrução permanente, a ‘Consulta sobre o Ensino Confirmatório e Confirmação’, realizada em julho de 1974, constatando a necessidade do envolvimento da pessoa em um processo de aprendizagem em confronto constante com o Evangelho, pretendendo oportunizar a participação ativa das pessoas na missão de Cristo e objetivando possibilitar autêntica vivência do discipulado, em testemunho e serviço no mundo, propôs que, no âmbito da IECLB, se promovesse o “Catecumenato Permanente” como “processo de atuação da Igreja que visa a maturidade do cristão isto é, a sua libertação integral em Cristo, para vivência      do Evangelho em comunhão e consequente ação responsável no mundo”. 

Encaminhada esta proposição  como moção ao IX Concílio Geral da IECLB,  a mesma  foi  aprovada,  após  o  que  o  Conselho Diretor constituiu uma

comissão de estudos. Mediante o presente documento, a comissão faz depoimento dos frutos de seu trabalho. Logo evidenciou-se à comissão a grande amplitude e o extraordinário alcance do assunto, ambos arraigados na própria natureza do ser discípulo de Jesus.

            Sendo mais do que uma questão de métodos e de organização, sendo também mais do que a preocupação com um determinado setor de trabalho na IECLB, Catecumenato Permanente, diz respeito à vida do cristão como discípulo e, à vida da comunidade na totalidade do seu ser, isto é, ao “Discipulado Permanente”. LUTERANOS portal, Site: http://www.luteranos.com.br/conteudo/discipulado-permanente-catecumenato-permanente-

Acesso em 30/07/2018

 

Catecumenato permanente – essa foi a opção de discipulado cristão adotado pelas IECLB (Igrejas Evangélicas Cristãs Luteranas Brasileiras) como modelo para ser seguido em suas Igrejas; em busca de informações mais abrangentes sobre a definição de catecumenato, encontramos:

O catecumenato é um sacramento que confirma e consolida a graça batismal e concede o dom

 

30

especial do Espírito Santo, unindo dessa forma o cristão a Cristo e à sua igreja. Fonte https://pt.wikipedia.org/wiki/Catecumenato - acesso em 25/02/2.018

 

b) Igreja Anglicana 

Discipulado Intencional. Esse é o título que a Igreja Anglicana (segundo a visão da Igreja Lusitana, comunhão Anglicana – Católica Apostólica Evangélica) reivindica para o seu modelo de discipulado.

 “Igreja comunidade de discipulos que faz discipulos e glorifica a Deus (S. João 15,8)

Na decorrência do seu 96º Sínodo Diocesano (Junho de 2016)a Igreja Lusitana assumiu um caminho de missão focado no «discipulado intencional». Fazer novos discipulos e fortificar a sua fé deve ser algo de natural e não de excecional no contexto

da Missão da Igreja Lusitana.O foco no «discipulado intencional», hoje comum entre muitas tradições cristãs, parte da importante premissa de que o mundo necessita de Cristo, e a Igreja, na sua fidelidade à Missão de Deus, necessita de cristãos que assumam a sua fé e se comprometam com as realidades, desafios e oportunidades que o tempo de hoje coloca à fé cristã.

Cinco são os eixos para o «discipulado intencional» até ao Sínodo de 2018

-(re)descobrir o sentido e a finalidade do discipulado à luz da promessa e mandamento de Jesus Cristo;

- enquadrar o discipulado cristão no contexto das Cinco Marcas de Missão da Comunhão Anglicana e no contexto das esperanças e necessidades do Mundo em que vivemos;

- ajudar ao assumir da condição de discípulo de Cristo em todas as áreas da vida do crente;

- promover meios e recursos que facilitem a evangelização e o fazer de novos discipulos pelas paróquias locais;

- sustentar o discipulado através da oração individual e coletiva.

 

 

31

Portal Igreja Lusitana, comunhão Anglicana, discipulado intencional, disponível em:

https://www.igreja-lusitana.org/index.php/missao/tema-de-missao  acesso 25/02/2.018

 

c) Igreja Presbiteriana 

            Conforme constatamos no site: http://www.iepj.com.br/a-visao-do-mda/   visitado em 25/02/2.018, a Igreja Evangélica Presbiteriana em Jandira está 100% na Visão do MDA. Na visão do MDA, é possível à Igreja Local ganhar multidões para Jesus sem deixar de cuidar bem de cada cristão – é o modelo de  discipulado um a um em ação.

            O MDA abrange diversos fatores desenvolvidos na Igreja Local. Sem dúvida, o fator central do Modelo de Discipulado Apostólico é o discipulado um a um que todos na igreja recebem. Porém, este modelo (MDA) fala da visão geral de como cremos que a Igreja Local deve funcionar. Na Visão do   MDA cada cristão deve estar sendo e fazendo discípulos, participar de uma  Célula, abraçar a visão da Igreja Local, buscar a Unidade da Igreja Mundial e colocar em primeiro lugar o reino de Deus.

 

Outras Igrejas presbiterianas independentes, seguem modelos desenvolvido em suas próprias fronteiras, voltados especIficamente para seus próprios fiéis, embora seus modelos de discipulado estejam abertos para serem adotados por outras igrejas.

                                                            

d) Igreja Batista 

As Igrejas Batista, são adeptas do modelo de discipulado conforme a visão do MDA; A IGREJA BATISTA ÀS NAÇÕES está 100% na Visão do MDA. Na visão do MDA, é possível à Igreja Local ganhar multidões para Jesus sem deixar de cuidar bem de cada cristão – é o modelo de discipulado um a um em ação, cada pessoa se torna um discipulo reprodutivo de Jesus Cristo. O MDA abrange diversos fatores desenvolvidos na Igreja Local. Sem dúvida, o fator central do Modelo de Discipulado Apostólico é o discipulado um a um que todos na igreja recebem. Porém, este modelo (MDA) fala da visão geral de como cremos que a Igreja Local deve funcionar. Fonte: http://www.asnacoes.com.br/home/visao  acesso em 25/02/2.018.

 

e) Igreja Metodista 

 

32

Sob  a  adoção  de  modelos  que  não  definem  claramente  qual  o  modelo  de  discipulado

adotado, fica um aparencia de que não pretende a Igreja como um todo ser comparada em seus métodos, mas, basicamente, pode-se definir que a visão MDA está presente pela sua similaridade com os métodos adotados.

 

4.4.2 A visão das Igrejas Pentecostais

a) Assembleias de Deus 

            – Segundo o Pastor Jorge Albertassi,  “o Pastor da Igreja é o ponto de partida para a dinâmica do ministério de  discipulado; nesse sentido, o  progresso do  trabalho  do  discipulador depende muito da visão do pastor da Igreja.”

http://jorgealbertacci.com.br/licoes-biblicas-cpad---discipulado,-a-missao-educadora-da-igreja.html   acesso em 26/02/2018

– Segundo a Convenção Assembleiana do Paraná,  “o avanço do modelo celular em muitas igrejas evangélicas tradicionais tem causado preocupação principalmente em vários arraiais da denominação Assembleia de Deus, conhecida pelos seus traços mais conservadores em muitos aspectos litúrgicos e organizacionais. Um dos constantes embates que muito pastores mais antigos da Assembleia de Deus enfrentam trata-se da forma de praticar a evangelização usando métodos criados fora das porteiras assembleianas, como por exemplo, o Método Celular ou mais conhecido como igrejas em células.

O método celular é a base de crescimento das igrejas neopetencostais no país, diferentemente do método assembleianos que ainda continua, em sua maioria, utilizando os métodos mais tradicionais (cultos nos lares, cruzadas, evangelismo nas ruas, etc). Fonte: http://www.cpadnews.com.br/assembleia-de-deus/37371/convencao-assembleiana-do-parana-repudia-o-modelo-de-igreja-em-celulas.html    acesso em 26/02/2018

 

Somente no Norte/Nordeste foi que encontramos Igrejas Assembléias de Deus que são adeptas do MDA, mais específicamente: Assembléia de Deus Ministério Libertação no Pará (Av. Francisco Macedo, Asdemil - Bairro: Santo Antonio); Assembléia de Deus Esconderijo do Altíssimo no Amapá (Av. Brasília, 1572 - Bairro: Nova Brasília); Assembléia de Deus no Maranhão (Av. Tancredo Neves, Nº 820 - Bairro: Vila Militar); Fonte: http://portalmda.com/igrejas-associadas/   acesso em 26/02/2018

 

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Podemos  perceber  que  a  visão  central  das  Assembléias  de   Deus   está   focada   em   um desenvolvimento de discipulado cristão mais intimamente voltado para o desenvolvimento através de seus próprios pastores e ministérios.

 

b) O Brasil Para Cristo 

            A Igreja O Brasil para Cristo em Paranaguá, no Paraná, apresenta ostensivamente em seu Site  http://www.obpcparanagua.com.br/a-visao-do-mda/discipulado-um-a-um/  acesso em 26/02/2018, a sua opção pelo modelo de discipulado do MDA;

 

c) Congregação Cristã no Brasil                                 

            Não encontramos acesso a dados informativos sobre o assunto, seja em livros ou na internet.

 

4.4.3 A visão das Igrejas Neo Pentecostais

a) A Igreja Universal do Reino de Deus – IURD: Centraliza a sua prática de discipulado na formação de obreiros e evangelistas que são enviados a campo em intensivo trabalho de evangelização; o preparo evangelístico é fundamentalmente mais voltado para atrair novos membros, aumentando o número de pessoas para frequencia na sua Igreja. Circulou na internet um vídeo onde um Bispo da IURD declarava que a sua preocupação com a obra do evangelismo estava centrada em atrair pessoas para a Igreja, focando mais a saúde financeira da Igreja, e que o discipulado acontece mais dentro dos Templos durante os cultos. Fonte: ( https://youtu.be/dxR-4B6qbes)

 

b) A Igreja Mundial do Poder de Deus – IMPD: apresenta um modelo de discipulado semelhante ao da Igreja Universal do Reino de Deus

 

c) A Igreja Internacional da Graça de Deus – IIGD: apresenta um modelo semelhante à IURD e à IMPD, com  a ressalva de possuir uma faculdade, a AGRADE, para formação teológica; mas, a formação na faculdade AGRADE é voltada para Igrejas Interdenominacionais, ou seja, embora seja uma Faculdade Teológica para formação evangélica, fica restrita a alunos de todo o país que

 

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fazem sua matricula e pagam as mensalidades até que se tornem conclusos dos cursos escolhidos, independente de serem membros ou não da IIGD.

 

d) A Igreja Renascer em Cristo –

R12 - A Igreja Renascer tem sua visão fundamentada no ministério de Jesus Cristo, que deixou aos apóstolos um modelo perfeito para formação, desenvolvimento e crescimento da Igreja apostólica: o discipulado. O membro da igreja é encaminhado para um grupo de 12 pessoas, que são acompanhadas por um oficial da igreja, onde desenvolve amizade e é ministrado semanalmente. Essa, é toda a informação encontrada no site:

Site da Igreja Renascer em Cristo, http://www.renasceremcristo.com.br/ministerios/detalhes/12#.WpQdJ4PwbIU   acesso em 26/02/2018.

 

Podemos observar que os métodos de evangelização e discipulado cristão, no que tange às Igrejas Neopentecostais, são métodos específicamente mais voltados para formação de obreiros para o trabalho, tanto no átrio da Igreja -  a serviço da ordem e organização na própria Igreja, como para envio a campo – a serviço de atrair novos convertidos para as suas denominações religiosas, sem contudo aprofundar o conhecimento das Escrituras Sagradas, conforme os ensinamentos do Senhor Jesus, através de um legítimo processo de discipulado cristão. É nesse ponto que a Igreja peca em sua superficialidade pois deixa de produzir verdadeiros discípulos do Evangelho, gerando frutos para o Reino, para produzir discípulos para suas próprias concupiscências, gerando frutos apenas para si próprias em detrimento do Reino de Deus.

 

CAPÍTULO V

5.1 UMA VISÃO HODIERNA DO DISCIPULADO CRISTÃO

            Relativamente às práxis das Igrejas históricas e tradicionais pentecostais, mais diretamente envolvidas com projetos de discipulado cristão, vemos que essas Igrejas procuram sempre uma forma mais adequada para alcançar o homem levando a ele essa visão de se entregar a Jesus e viver segundo as Suas ordenanças para uma vida plena em conformidade com o Evangelho, com vistas à salvação. O mesmo não acontece quanto focamos as Igrejas Neopentecostais, conforme poderemos ver abaixo no ítem 5.1.5. De qualquer forma, o que apresentamos a seguir demonstra que não existe um consenso com relação à melhor forma de implantar um projeto que seja satisfatório a todas as vertentes

 

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evangélicas, pois a cada modelo apresentado, surgem inúmeras ponderações adversas para desestimular  a  procura  de  um  denominador  comum,  algo  que  satisfaça  as  mais variadas exigências denominacionais; certamente que essas objeções, ou ponderações adversas, refletem muito do “ego” daqueles que se sentem passados para trás ao verem o surgimento de uma nova práxis que não tenha sido iniciativa pessoal deles mesmos.

 

5.1.1 A TMI – Teologia da Missão Integral

            A idéia de Missão Integral foi inicialmente gerada no seio da Fraternidade Teológica Latino Americana, mas ganhou corpo realmente a partir do Pacto de Lausanne, na Suíça.

Conforme AQUINO, Rodrigo Bibo. Missão integral em poucas palavras. Joinville: BTBooks, 2013.  E-book  disponível  originalmente  em  www.bibotalk.com.br   “ No   ponto   sobre   a responsabilidade social da igreja, o Pacto de Lausanne afirma a condição soberana de Deus sobre a criação e a Sua justiça.

Dessa forma, seus filhos devem partilhar desse sentimento e lutar pela libertação dos oprimidos e marginalizados, sem distinção de raça, religião, cor, cultura, classe social, sexo ou idade, pois toda a humanidade é criada a imagem e semelhança de Deus, por isso, possui dignidade intrínseca. Atesta ainda que responsabilidade social e evangelismo fazem parte do dever cristão; ambos configuram o agir da igreja na criação. 43

Ao comentar essa resolução do pacto, Stott enfatiza que a ação cristã emerge da doutrina cristã, por isso, essa seção não se limita a dizer que os cristãos devem ter responsabilidades sociais, antes, ela parte de quatro doutrinas que exprimem o engajamento social do cristão: a doutrina de Deus, do homem, da salvação e do reino. 44 

Ao falar sobre Deus, nessa seção, o pacto realça sua ação libertadora em prol do povo. Ao resgatar a antropologia teológica, o pacto justifica a luta por justiça com base na igualdade entre os seres humanos como imago Dei, por isso, quem fere o semelhante, afronta o próprio Deus. Quando fala de salvação, Lausanne quer deixar claro que responsabilidade social não é igual a salvação, mas salvação é libertação do mal onde quer que ele atue. E, por último, ao mencionar a doutrina do reino, pretende- se trazer à tona o justo governo de Deus e a reta conduta dos seus súditos. 45

43  WINTER, R.; HAWTHORNE, S.C.; BRADFORD, K.D. (Ed) Perspectivas no movimento cristão mundial. São Paulo: Vida Nova, 2009. p. 782ss.

44 STOTT, J. John Stott comenta o Pacto de Lausanne: uma exposição e comentário. São Paulo: ABU, 1984. p. 28. Série Lausanne.

45 STOTT, 1984, p. 28ss

 

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A influência do espírito de Lausanne chegou ao Brasil em 1983 no primeiro Congresso Brasileiro de Evangelização (CBE-83), em Belo Horizonte. Nas palavras de Manfred Grellert: O magno e frutescente Congresso Internacional de Evangelização Mundial, realizado em 1974, [...] não  foi  somente um  evento marcante  na  vida  de 4.000 congressistas vindos de muitos países. Ele desencadeou um movimento de evangelização de grupos humanos concretos, que antes não contavam com a presença cristã significativa, como também deu impulso a uma reflexão teológica sobre assuntos relacionados com a evangelização do mundo. [...]

Lausanne é um interessante experimento de convívio entre peritos em estratégia missionária (os práticos) e peritos em teologia (os teóricos);              convívio, aliás, por vezes tenso, mas frutífero e criativo. [o CBE-83] houve por bem tornar mais explícito o vínculo espiritual, teológico e missiológico que o   liga ao movimento de Lausanne, através de alguns textos básicos que surgiram   sob os auspícios da Comissão de Lausanne para a Evangelização Mundial

 

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Vinte anos depois, em 2003, é realizado o Segundo Congresso Brasileiro de Evangelização, também em BH. Segundo Grellert, o Brasil ainda está aprendendo a fazer Missão Integral, pois ela mesma ainda está em construção. A marca do congresso foi “o compromisso com o evangelho de Jesus Cristo, nosso salvador e Senhor. Mas também o nosso amor por nossa terra, nossa gente e nossa cultura. O desejo de praticar a missão integral nos une”. Depois de Lausanne, ficaram evidentes duas maneiras de se entender a principal missão da igreja.

Os mais conservadores continuaram crendo que a evangelização é a principal tarefa da igreja, e outro grupo “começou a trabalhar na direção de que não há prioridade na missão da igreja [...] tanto a evangelização como a ação social se completam, sem uma priorização entre elas”.

46 Aquino afirma: “Parece-me que o conceito de missão está fortemente ligado ao texto de Mc 16.15, onde a ênfase recai no IDE! É inegável que esse versículo inflamou corações a percorrerem o mundo anunciando o evangelho, contudo, amarrou missão com deslocamento geográfico, e isso, de certa forma, pode ser um problema. Ao fazermos uma tradução literal a partir do texto grego de Mc 16.15 descobrimos algo importante: “E disse a eles: Indo para o mundo inteiro proclamai o evangelho...”, o imperativo do versículo não é o ir, mas o proclamar. Se a ênfase é o proclamar, logo, não preciso me deslocar geograficamente, mas, onde estiver, posso viver minha identidade como igreja de Deus.” AQUINO, Rodrigo de. Rascunhos da Alma: reflexões sobre espiritualidade cristã. Joinville: Refidim, 2009. p. 67.

                                                                                                             

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Ainda segundo AQUINO, Rodrigo Bibo. Missão integral em poucas palavras. Joinville: BTBooks, 2013. E-book disponível originalmente em www.bibotalk.com.br  “A seguir, delinear-se-á algumas diferenças entre o modelo tradicional de missão e o modelo da missão integral;

No modelo tradicional a missão é concebida essencialmente como um cruzar de fronteiras geográficas com o propósito de levar o evangelho do “mundo ocidental cristão” para os “campos missionários” do mundo não-cristão (os paises pagãos).

Em outras palavras, falar de missão era falar de missão transcultural. O propósito da missão era “salvar almas” e “plantar igrejas”.

O papel da igreja local ficou reduzido a prover pessoas para a missão e dar apoio espiritual e econômico.

Esse modelo foi instigado no afã de cumprir Mc 16.15 e é inegável que, apesar de suas deficiências, este conceito de missão que prevalece nas missões modernas inspirou (e ainda segue inspirando) milhares de missionários transculturais a sair de suas terras para difundir as boas novas da salvação em Jesus Cristo. A partir da Missão Integral, o fator geográfico torna-se secundário; a única fronteira a ser cruzada é o que é fé e o que não é e isso só depende do anúncio da pessoa e obra de Jesus Cristo, independendo do local onde esse anúncio é feito. 47  Cada igreja é convidada a participar da missão de Deus, uma missão que tem alcance local, regional e mundial. Dessa forma, cada membro passa a servir aos interesses do reino de Deus, 48  e começa a entender que o objetivo da igreja não é crescimento numérico, abundância em bens materiais ou poder político, mas é ser um sinal histórico desse reino, que tem como emblema o amor e a justiça. Cumprir esse propósito é tarefa de todos os membros da igreja, sem exceção, que recebem do Pai dons e ministérios para o exercício de seu sacerdócio; assim, testificam “do amor e da justiça revelados em Jesus Cristo, no poder do Espírito, em função da transformação da vida humana em todas as suas dimensões, tanto em âmbito pessoal como em âmbito comunitário.” 49 Desta forma, as dicotomias do modelo tradicional são superadas, e todos se descobrem como participantes da obra de Cristo, não importando o local, status social ou cargo eclesiástico. - redentora

 

47 KIVITZ, E. R. In: Missão integral: proclamar o reino de Deus, vivendo o evangelho de Cristo. Ultimato:

Viçosa, 2004. p. 64-65.        

48 PADILLA, 2009, p. 18-19.                              

49  GIBELLINI, R. A teologia do século XX. São Paulo: Loyola, 1998. p. 347-48

                                                                                

 

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5.1.2 A TDL – Teologia da Libertação

Conforme o livro Missão Integral em poucas palavras “O contexto de pobreza e discriminação social tornou a América Latina um solo fértil para o desenvolvimento de um labor missiológico que lutasse por justiça e igualdade.

Assim nasceu a Teologia da Libertação, que na década de 60 ganha força com a 2ª conferência do CELAM – Conselho Episcopal Latino-Americano, em Medellín e com o lançamento da obra Teologia da Libertação de Gustavo Gutiérrez, o primeiro tratado sistemático da TdL. 

 

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Leonardo Boff, um dos grandes articuladores da TdL afirma: A teologia da libertação procura articular uma leitura da realidade a partir dos pobres e no interesse pela libertação dos pobres; em função disso, ela utiliza as ciências do homem e da sociedade, medita teologicamente e postula ações pastorais que ajudem o caminho dos oprimidos.  51 Um dos esquemas metodológicos da TdL é o ver-julgar-agir. Esse método já tem uma história anterior e foi muito utilizado pelos movimentos de base nos círculos católicos desde a década de 50.  O mérito da TdL é a maneira científica com que esse método foi retrabalhado por Clodovis Boff o elevando ao nível teórico, viabilizando a reflexão teórica em cada um dos três momentos do  esquema. Assim, temos a meditação sócio-analítica, que aprofunda teoricamente o “ver”, a análise da realidade, o primeiro passo. Depois  temos a mediação hermenêutica, que aprofunda teoricamente o “julgar”, a interpretação teológica, o segundo passo. Enfim, teríamos ainda a mediação prática ou “pastoral”, que reflete sobre as implicações práticas dos problemas levantados. 52       

Isto é, na mediação sócioanalítica, o fiel engajado se apoia nas ciências sociais para ler a realidade que o cerca, geralmente sob a lente do marxismo. Se na patrística os teólogos utilizaram largamente a filosofia platônica para construir seus pensamentos, na TdL são as ciências sociais que nortearão seu agir local.

 

50  BOFF, L. apud GIBELLINI, 1998, p. 354.

51 1996. v. 7 Série Teses e Dissertações. p. 153.                                                           

52  GIBELLINI, 1998, p. 356.

                                                

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Com  mediação  hermenêutica  tem-se  a  interpretação  das  Escrituras  e  das tradições cristãs pautada pela situação política e social determinada, ou seja, lida com a mediação sócioanalítica. É nesse encontro que a leitura sociológica se transforma em leitura teológica da mesma realidade. Essa leitura do meio, de maneira sócio-teológica, visa servir a prática pastoral. GIBELLINI complementa: “A teologia da libertação foi elaborada a partir da opção básica pelos pobres e na articulação mútua dessas três mediações. As três mediações correspondem ao esquema tripartido – análise dos fatos, reflexão teológica, sugestões pastorais.” 53  Os pensadores da libertação tinham plena consciência de que não estavam apenas fazendo um novo pensar teológico, antes disso, um agir libertador. Os irmãos Boff enfatizaram que antes de fazer teologia, é preciso fazer libertação, viver comprometido com a fé e com processos libertadores, estar engajado na causa dos oprimidos. “

Sem essa pré-condição concreta a Teologia da Libertação vira mera literatura.”    53

 

5.1.3 TMI X TdL – Críticas e Refutação das Críticas de Plágio

 A TdL, mesmo partindo do contexto católico, exerceu influência no desenvolvimento da Teologia da Missão Integral. Isso é explicitado no uso bibliográfico que os teóricos da TMI fizeram dos teólogos da libertação. Orlando Costas fala da influência que teve do teólogo da libertação Segundo Galilea: Inspirado na obra de Emilio Castro, Hacia uma pastoral latino-americana e nos escritos do pastoralista católico, Segundo Galilea, proponho uma pastoral social, que toma a sério o caráter pastoral da igreja, a situação concreta dos povos latino-americanos, a herança da Reforma do século XVI e a tradição evangélica latino-americana. 52

A TdL e a TMI estão situadas no mesmo contexto sócio-político e econômico; o que as diferencia é o sistema e o método teológico. A TMI nasce e pensa a partir do evangelicalismo latino-americano, por isso, seus pressupostos e motivações diferem.

Nas considerações finais sobre a TMI, o livro Missão Integral em poucas palavras explica que,  a  Teologia  da  Missão  Integral  visa despertar as igrejas a apresentarem o evangelho de

Jesus a partir do seu contexto.

São as perguntas advindas da América Latina que a Igreja latina deve se preocupar em responder.

 

53  MUELLER, 1996, P. 159.

54  COSTAS apud SANCHES, Regina Fernandes. A teologia da missão integral: história e método da teologia evangélica latino-americana. São Paulo: Reflexão, 2009. p. 53.

 

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O modelo tradicional de missão, importado, não leva em consideração o sacerdócio geral de todos os crentes e o fato de que toda a Igreja é missionária, e não somente uns eleitos por um presbitério ou conselho. Assim como o Pai enviou o Filho, assim o Filho nos envia (Jo 20.21) e através do Seu Espírito Santo nos capacita a anunciar a mensagem do Reino (At 1.8). A TMI é somente uma ferramenta para a prática dessa missão. Ela visa dialogar e olhar para o mundo, pois ele é o palco da atuação de Deus. A missão de Deus é missão no mundo. A igreja não faz missão, ela é missão. E é a única organização no mundo que carrega a mensagem de salvação que o ser humano precisa, por isso, ela não pode se preocupar em somente apresentar a salvação da alma, pois isso é parte do problema humano. Salvação na TMI é o resgate do ser humano das amarras do pecado, entranhado em todos os níveis da sociedade.

 

5.1.4 O MDA – Modelo de Discipulado Apostólico

Do seio da Igreja da Paz de Fortaleza, sob a inspiração do Espírito Santo ao Pastor Abe Huber, surgiu esse modelo de discipulado cristão que tem se propagado de uma forma muito  eficaz entre Igrejas de várias denominações que optaram por adotar o modelo proposto.

Extraímos do site:   http://www.igrejadapaz.com.br/fortaleza/a-visao-do-mda/  - acesso em 02/03/2018 ,  a definição oficial dada ao MDA – Modelo de Discipulado Apostólico, apesar de que a mesma definição pode ser encontrada no site: http://portalmda.com/a-visao-mda/ - acesso em 02/03/2018. Assistindo ao vídeo do Pastor Abe Huber você poderá sentir a sede de Cristo que acomete o mundo nos dias atuais.   https://youtu.be/zVSv3wJ7DME  - acesso em 02/03/2018.

 A seguir a transliteração do texto oficial: “Na visão do MDA, é possível à Igreja Local ganhar multidões para Jesus sem deixar de cuidar bem de cada cristão – é o modelo de discipulado um a um em ação.

O MDA abrange diversos fatores desenvolvidos na Igreja Local. Sem dúvida, o fator central do Modelo de Discipulado Apostólico é o discipulado um a um que todos na igreja recebem. Porém, este modelo (MDA) fala da visão geral de como cremos que a Igreja Local deve funcionar.

1 – O REINO DE DEUS

Jesus disse: “Buscai, pois, em primeiro lugar, o seu Reino…” (Mateus 6.33). Deus está implantando o Seu Reino aqui na Terra e Ele tem deixado bem claro qual é a visão d’Ele para nós: Deus havia dito para o homem: “Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra…” (Gênesis 1.28). Por quê? Porque Adão e Eva gozavam de perfeita comunhão com Deus e assim refletiam a glória de Deus perfeitamente. À medida que eles obedecessem a ordem de crescer e multiplicar, toda a terra ficaria cheia da glória de Deus, como as águas cobrem o mar.

O plano original de Deus nunca mudou. Mesmo que o homem natural, por causa do pecado, não reflita a glória de Deus, aquelas pessoas que já nasceram de novo verdadeiramente refletem a Sua glória. Então o propósito de Deus continua o mesmo: Ele quer o Seu Reino implantado  sobre  toda  a  Terra,  e  isto vai acontecer quando os Seus filhos colocarem o Seu Reino em primeiro lugar, crescerem e se multiplicarem até que toda a Terra esteja cheia de pessoas que reflitam a Sua Glória.

2 – A IGREJA DO SENHOR JESUS               
Mas qual é o contexto em que nós devemos buscar o Reino de Deus? Na prática, como podemos fazer isso?

Jesus disse: “Eu edificarei a Minha Igreja…” (Mateus 16.18) e em outra ocasião Ele disse “quem comigo não ajunta, espalha…” (Mateus 12.30).

 

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Em outras palavras, o Reino de Deus aqui na Terra se manifesta e é centralizado na Igreja do Senhor Jesus:

 

 

 

 

A Igreja do Senhor Jesus é o coração do Reino de Deus.

 

3 – A IGREJA LOCAL

 

Posso saber, então, que verdadeiramente estou buscando o Reino de Deus se eu estiver trabalhando com Jesus na Edificação da Sua Igreja Mundial. Mas, como a Igreja Mundial do Senhor Jesus é edificada? Através da Igreja Local. Se eu não estiver edificando a Igreja Local eu não estou edificando como eu deveria a Igreja Mundial do Senhor Jesus. A Bíblia fala muito mais acerca da Igreja Local do que da Igreja Mundial. Estamos trabalhando com Deus ou contra Deus? Talvez muitos não saibam disto, mas quem não está na visão da Igreja Local – ajudando a Igreja Local a crescer e multiplicar em quantidade e qualidade, está na realidade (mesmo que seja por omissão) trabalhando contra Deus. Isto é sério. Deus coloca máxima importância na Igreja Local porque a Igreja Local é o coração da Igreja do Senhor Jesus aqui na Terra.

O Apóstolo João, em Apocalipse 1.10-11, ouviu a voz do Senhor Jesus por trás dele. Mas quando virou para ver o Senhor Jesus, primeiramente ele viu sete candeeiros de ouro (Ap. 1.12), e só depois viu o Senhor Jesus (Ap. 1.13). Os sete candeeiros são as sete Igrejas Locais (Ap. 1.20). Creio que, simbolicamente, isto mostra que para termos plena revelação do Senhor Jesus, temos também que ter a visão da Igreja Local. Onde estava Jesus? “No meio dos sete candeeiros” (Ap. 1.13). No meio das Igrejas Locais. É impressionante a importância que Deus põe na Igreja Local.

 

 

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4 – A CÉLULA

É muito importante que todos os cristãos da Igreja Local estejam congregando na Célula, onde a vida do Corpo se encontra de forma sintetizada em todos os seus muitos aspectos, tais como: adoração, intercessão, evangelismo, integração, discipulado, treinamento de líderes, comunhão, assistência social, etc.É necessário que essa Célula esteja sempre aberta para receber novas pessoas. Como a célula do corpo humano, deve estar sempre crescendo, multiplicando e formando novas células.  Esse tipo de Célula resgata a “Igreja no Lar”, e por isso cremos ser importante que todos congreguem em uma Célula deste tipo, pois acreditamos que foi assim que aconteceu na igreja neotestamentária. Para nós, a Célula é o Coração da Igreja Local. Todas as nossas Células, heterogêneas e homogêneas, têm essas características, e todos os membros estão em um desses dois tipos de Células. A totalidade de nossas Células cresce, e elas se multiplicam em três áreas:

1) Verticalmente: os membros crescem em intimidade com Deus e multiplicam isso nas vidas dos seus discípulos.

2) Horizontalmente: os membros crescem em comunhão uns com os outros e multiplicam isso nas vidas dos seus discípulos.

3) Exteriormente: Os membros crescem numericamente ganhando novas pessoas para Jesus, discipulando essas pessoas e multiplicam esse código genético de evangelismo e discipulado nas vidas dos seus discípulos. A Célula cresce em número de membros e se multiplica, gerando assim novas Células. É este tipo de Célula que é o verdadeiro coração da Igreja Local.

Na igreja baseada em Células tudo acontece pela Célula, para a Célula, através da Célula e em função da Célula.

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No gráfico ao lado podemos perceber que o coração do Reino de Deus é a Igreja Mundial do Senhor Jesus; o coração da Igreja Mundial é a Igreja Local; e o coração da Igreja Local é a Célula. Você pode perceber, então, que todo esforço cristão para implantar o Reino de Deus na terra deve resultar em priorizar, direta ou indiretamente a edificação de Células no contexto da Igreja Local. Agora, qual é o coração da Célula?

5 – O DISCIPULADO UM A UM

Jesus priorizou o discipulado na Sua vida aqui na Terra. Antes de escolher os seus discípulos Ele orou a noite toda (Lucas 6.12-13), e uma grande parte do seu tempo foi ocupado investindo na vida destes discípulos. Como Ele viajava horas e horas a pé, é bem provável que,  enquanto  estava  caminhando  com  os  discípulos  naquelas  estradas  construídas   pelo Império Romano, Ele aproveitasse bem o tempo discipulando. Quem já caminhou por muitas horas sabe que é difícil andar e falar com muitas pessoas ao mesmo tempo. Cremos que Jesus discipulava muito: 1) um a um; e 2) em grupo.

Em nossa própria experiência, temos visto que é muito bom discipular em grupos, mas nunca em substituição ao discipulado um a um.

Sem dúvida, isto possibilita que o discipulado seja mais profundo, intenso, e específico.

É claro que, para haver esse tipo de discipulado os dois (discípulo e discipulador) devem ser do mesmo sexo. Também, alguém não pode estar discipulando outra pessoa se ele primeiramente não tiver discipulador. O discipulador tem compromisso total de não falar nada para pessoa alguma daquilo que o discípulo confidenciou, a não ser que obtenha primeiramente sua permissão.

Este discipulado deve acontecer no contexto da Célula, ou seja, o discipulador deve participar da mesma Célula do discípulo. O discipulado nunca deve ser manipulativo. O verdadeiro discipulado é para ajudar o discípulo a crescer. Discipulado é proteção. Discipulado é crescimento. Seja transparente com o seu discipulador. Você ficará maravilhado como Deus vai usar seu discipulador para ajudá-lo a vencer o pecado, crescer espiritualmente, ser um ganhador de almas, e ser também um bom discipulador. “Confessai os vossos pecados uns aos outros e orai uns pelos outros para serdes curados” (Tiago 5.16).

Uma vez que você está sendo discipulado, é importante começar a orar e pedir a Deus que lhe mostre quem você deverá discipular. Quando você ganha alguém para Jesus, você tem que garantir que aquela pessoa seja bem discipulada. Normalmente é você quem deve discipular aquele novo convertido. Jesus, antes de ascender aos céus, nos deixou a Grande Comissão: “Ide, portanto, fazei discípulos…” (Mt. 28.19). Isto tem que ser priorizado, pois sem dúvida é um  assunto  de  máxima  importância. Na  medida  em  que meditávamos  na  centralidade do discipulado, Deus nos revelou que o discipulado um a um é o coração da Célula. A esse relacionamento do discipulador com seu discípulo (total de duas pessoas) chamamos de uma microcélula.

Como a ênfase central da Visão do Modelo do Discipulado Apostólico é o discipulado um a um, vimos que seria ideal usarmos a mesma sigla para identificar esta microcélula.

Então, como visão da Igreja Local temos:

MDA: Modelo de Discipulado Apostólico.

E como o nome da microcélula de discipulado, também, temos:

MDA: Microcélula de Discipulado Apostólico.

 

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O discipulado, na microcélula, é feito um a um. Você poderá notar então que a microcélula tem o total de duas pessoas: Discipulador e Discípulo.

Cremos que o MDA é a menor representação da Igreja: a microcélula do Corpo de Cristo, “onde estiverem dois ou três reunidos em Meu nome…” (Mateus 18.20). É interessante notar que o contexto desta passagem se refere à Igreja Local.

 

O importante é que todos estejam debaixo da cobertura de um discipulador, e que todos estejam fazendo discípulos, porque, como já foi enfatizado, o discipulado é o coração da Célula. Em outras palavras: o MDA é o coração da Célula.

Na Visão do MDA cada cristão deve estar sendo e fazendo discípulos, participar de uma Célula, abraçar a visão da Igreja Local, buscar a Unidade da Igreja Mundial e colocar em primeiro lugar o reino de Deus.”

 

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5.1.5 – Modelo de Discipulado Neopentecostal

 Para  uma  visão  mais  holística  do  discipulado  cristão  relativamente  às  Igrejas Neopentecostais, encontramos um artigo de Robinson Cavalcanti 55 em:

https://pentecostalismo.wordpress.com/2007/11/29/neo-pos-pseudo-pentecostalismo/   acesso em 25/02/2018,

onde ele disserta sobre o estrago e a tragédia que o movimento neopentecostal fez e está fazendo no meio evangelical, seja no pentecostalismo clássico, seja nas igrejas fundamentalistas-reformadas. 

             “A expressão “neo-pós-pseudo-pentecostalismo” 53 foi cunhado por         Robinson Cavalcanti e designa muito bem o movimento neopentecostal ou         carismático” 56

O neopentecostalismo erra em muitos pontos e se afasta a cada dia do protestantismo histórico. É bom observar que há teólogos respeitados, como Luís Sayão, que acreditam em uma restauração doutrinária dos neopentecostais, Sayão comentou que: “Todo o mundo critica o movimento      neopentecostal. Devemos avaliá-lo sociologicamente. Em breve eles sofrerão mudanças e buscarão uma sedimentação” 57 É de se esperar que essa sedimentação aconteça logo e tomara que realmente aconteça! A abordagem desse texto é mostrar os principais defeitos no neopentecostalismo.” 

a) O neopentecostalismo desenvolve uma espiritualidade sem vínculo. A excessiva valorização de catedrais, mega-ajuntamentos, grandes eventos , cultos midiáticos e similares; mostra que o neopentecostalismo desenvolve um espiritualidade sem ligação eclesiástica, ou seja, as pessoas vão à igreja como se fossem ao shopping-center, vão buscar algo e não entregar, tem vínculos mercantilistas e não comunitários.

Os neopentecostais desenvolveram uma espiritualidade “templista”, sem vínculos comunitários. Sacralizam-se os prédios, valorizam-se os mega ajuntamentos, mas não se promovem relacionamentos.

 

55- CAVALCANTI, Robinson. País apodrecido, igreja insípida. Revista Ultimato. Edição 303 Novembro-Dezembro 2006..

56- Carismático é como os teólogos norte-americanos nomeiam os neopentecostais. Aqui no Brasil, carismático virou sinônimo de católico pentecostal, membro da RCC (Renovação Católica Carismática).

57- SAYÃO, Luiz. Pela ética e espiritualidade. Entrevista. Revista Enfoque Gospel. Edição 62 – SET / 2006.

 

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As pessoas se sentem sozinhas e autônomas no meio de uma multidão. Vão à igreja como quem vai a qualquer lugar público, sem sentimento de pertencimento. Dentro desse contexto é muito comum o trânsito religioso. Hoje o sujeito é de uma igreja, amanhã já de outra denominação. Há líderes neopentecostais que chegaram a fundar duas denominações diferentes.

Há não somente uma falta de vínculo comunitário, mas também, falta vínculo doutrinário, litúrgico, de ethos (costumes) e tradições. Sendo que o maior perigo é a falta  de  base  teológica  e  ou  doutrinária.  Muitos  neopentecostais,  continuam  com crenças herdadas de uma religião ou seita que anteriormente ele tenha participado.

A falta de discipulado, infelizmente, é comum em todos os ramos do evangelicalismo, principalmente no neopentecostalismo, e ainda há um desprezo muito grande pelo ensino da Palavra. Os neo pentecostais não investem em escola dominical, cultos de ensino, classes de discipulado, seminários teológicos etc.

b) o neopentecostalismo desenvolve um pregador arrecadador e não doador.  

A principal preocupação para um bom “pregador” neopentecostal, não é o seu domínio das ciências bíblicas, juntamente com uma vida devocional exemplar, mas sim, o seu domínio na retórica da oferta. Em uma famosa denominação neopentecostal no Brasil, você só pode ser ordenado ao ministério pastoral, se a sua congregação arrecadar mais de 5 mil reais por mês em dízimos e ofertas. Qual será a pregação principal de um sujeito sob tamanha pressão? Certamente que será ofertas, dízimos, desafios de fé e teologia da prosperidade. Uma congregação de bairro que não dá “lucro”, é fechada imediatamente pelos “bispos” de algumas denominações neopentecostais. Será que a construção de templos é uma preocupação evangelísticas e de bem-estar da igreja local ou mais uma fonte de arrecadação? Não é nem preciso responder! A absurda compra de “cura-divina” por meio de ofertas, é comum em algumas igrejas neopentecostais. São cartões de oferta com valores de 10, 20, 50, 100 reais, sendo que os valores mais altos recebem “orações mais fortes”. Não seria essa prática uma indulgência moderna? Esses “profetas” neopentecostais se aproximam a cada dia mais do sectarismo.

Em que consiste alguns cursos para líderes em igrejas neopentecostais? As matérias principais de muitos desse cursos, não é teologia sistemática ou exegese, mas sim, técnicas de marketing.

 

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O papel pastor-ovelha, dentro desse contexto “templista”, é substituído pelo modelo empreendedor-cliente. Igrejas neopentecostais, normalmente, não possuem seminários, mas apenas cursos esporádicos de retórica ou métodos de marketing, como acima observado.

O obreiro neopentecostal não é uma pessoa treinada para ser líder de uma igreja local, mas sim, de ser o mais persuasivo com aqueles que o visitam. Não existe ovelha, e os pastores nem podem ser chamados de pastores, pois normalmente são itinerantes. Um itinerante não tem a possibilidade de ter ovelhas, logo, não é um pastor.

c) o neopentecostalismo tem, a teologia da prosperidade, como a principal pregação.

O conceito de “Deus papai-noel”, cunhado no passado pelo teólogo alemão Dietrich Bonhoeffer,   homem   que   lutou   contra   o   secularismo  eclesiástico de  seu tempo, expressa muito bem a realidade materialista do movimento neopentecostal. A cosmovisão neopentecostal tem dificuldades de contemplar o futuro, o céu, a salvação, a redenção; palavras com esperança, espera, paciência, perseverança não fazem parte do vocabulário imediatista dos neopentecostais. Imediatismo é a filosofia dos pregadores do aqui-e-agora, é a bênção rápida e eficaz em pregações pragmáticas, ou seja, “pregações que funcionam”.

Sempre a teologia da libertação é colocada como uma visão comunista do cristianismo, da mesma forma, a teologia da prosperidade é uma versão capitalista de um evangelho distorcido, que busca riqueza e bens terrenos, em detrimento do que os bens celestiais. Junto com a teologia da prosperidade há um mal igual, que é o triunfalismo. O triunfalismo não aceita derrotas, infortúnios, doenças, perdas, pois é o evangelho do “só vitória”. Infelizmente, alguns pregadores que dizem ser pentecostais, são triunfalistas de carteirinha, sendo essa uma característica neopentecostal que tenta deturpar o pentecostalismo clássico.

 

d) o neopentecostalismo prega o ter em vez do ser.

A pregação sobre moralidade, santidade, caráter, Fruto do Espírito são deficientes no meio neopentecostal. O ter é mais valorizado do que o ser.

É muito difícil pregar contra a ambição, a sedução das riquezas, o engodo da soberba nos púlpitos “universais”.

 

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O verdadeiro cristão na cosmovisão neopentecostal é aquele que passou da pobreza para a riqueza. Será a riqueza evidência de prosperidade? A prática mostra que não, pois o segundo homem mais rico do mundo, o bilionário Bill Gates, é um ateu! Será que Gates é mais espiritual que um pobre cristão africano sem almoço para esse dia?

 

e) o neopentecostalismo valoriza excessivamente a sua liderança.

Ouvir rádio evangélica, com poucas exceções, pode ser uma verdadeira tortura para aquele que busca a ortodoxia no cristianismo. É comum, na vasta programação neopentecostal, ouvir liderados referir-se a sua liderança como: “o apóstolo da fé, grande  homem  de  Deus,  o  maior  evangelista  do  século,  o  nosso  bispo primaz, o homem que faz e acontece etc”. É uma verdadeira idolatrização da liderança, que se segue sem um senso crítico, mas em um caminho cego.

Muitos líderes, sem caráter, no neopentecostalismo, são acusados dos mais diversos crimes, como  estelionato,  curanderismo,  lavagem  de  dinheiro  etc. 

Os  fiéis  dessas igrejas, na maioria das vezes, são indiferentes as claras acusações e preferem atribuir esses problemas a perseguição da Rede Globo ou do próprio Diabo.

É comum, alguns desses líderes, se compararem aos apóstolos, que foram perseguidos por causa do evangelho. Um sofisma que muitas vezes funciona, infelizmente!

 Em denominações neopentecostais não há conselhos de doutrina, concílios para decidir os rumos da denominação. Em uma denominação neopentecostal, o líder-fundador é quem decide tudo, desde da forma litúrgica, passando pela doutrina e até o destino das finanças. É uma liderança incontestável, um líder que está acima de tudo e todos, que não presta contas a ninguém. Uns mais espirituais, dizem que ninguém pode tocar “nos ungidos de Deus”, ou seja, se colocam acima dos demais espiritualmente. Os pastores e obreiros menores nessas denominações imitam a oratória, os gestos, a maneira de se vestir dos seus líderes.

A “renovação apostólica” é um novo modismo que mostra a colocação acima da crítica dos líderes neopentecostais. Primeiro veio os bispos, quebrando uma tradição protestante de não inventar cleros acima de leigos, como no catolicismo romano. Depois veio as bispas(sic) e agora tem os “apóstolos”, há notícias de pastores que agora são chamados de “arcanjo”.

 

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É muita aberração para pouco espaço! Um famoso pastor disse certa vez: “Daqui a pouco temos o vice-Deus”.

Outra novidade é a chamada “cobertura espiritual”. Líderes que ameaçam seus liderados, dizendo que elas necessitam da cobertura deles, como apóstolos. Cobertura é uma falácia, pois biblicamente, não há cobertura espiritual da parte dos homens, mas somente de Deus.

Hoje, no meio neopentecostal, há uma febre por títulos teológicos. São muitos que dizem ser Doutor em Divindades(D.D) e fizeram curso por correspondência de, no máximo, um ano. A internet está cheia desses falsos cursos, que é uma malandragem de compra e venda de diplomas. Com 2 mil dólares, qualquer pessoa pode comprar um título de doutor em divindade nos Estudos Unidos, ficando até mais chique.

Para ser um doutor em teologia, em uma faculdade séria, se estuda em média dez anos e há uma dedicação acadêmica, isso por parte do discente. Estudar bacharel em teologia em um ano é como estudar medicina em dois anos, é um grave erro e nada se aprende, sendo assim um falso curso.

f) o neopentecostalismo tem uma hermenêutica diferente do cristianismo histórico.

Se você já ouviu pregações em igrejas neopentecostais, percebeu que a maior parte das pregações são no Antigo Testamento? Já viu que os pregadores “avivalistas” gostam de textos que abordam a história da Abraão, Elias, Eliseu, Davi, Daniel, Jeremias etc? Percebeu que o ministério profético do Antigo Testamento é muito abordado nas preleções dos “conferencistas internacionais”? Se não, ouça e verá!

Em trabalho acadêmico para a Faculdade Teológica Batista de Campinas, sobre o neopentecostalismo, o professor Isaltino Gomes Coelho 58 observa que “a leitura bíblica neopentecostal é atomizada…isto é, fragmentada, de versículos isolados, é desculturada, desarraigada de seu contexto e usada alegoricamente. Sendo assim, prega excessivamente no Antigo Testamento. Abusa dos símbolos vetero-testamentário e aplica a simbologia judaica de forma distorcida na igreja hodierna, que é ou deveria ser neotestamentária. 59

 

58- GONDIM, Ricardo. E se o sal não salgar? Ricardo Gondim, acesso em 17/10/2007 disponível em www.ricardogondim.com.br

59- COELHO, Isaltino Gomes. Neopentecostalismo. Acesso em 09/11/2007. Disponível emhttp://www.ibcambui.org.br/artigos/art57.pdf  

60- SOARES, Esequias. Heresias e Modismos. 1 ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2006. p. 319.                                               

 

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Testamento, empregando figuras e símbolos, completamente fora do contexto bíblico, como ponto de contato para estimular a fé, e também para arrecadar fundos” 60.  São campanhas dos “318 pastores”, “Unção apostólica de Elias”, “Azeite da Viúva”, “Porção dobrada de Eliseu”, “Derrubando as muralhas de Jericó”. O teólogo Paulo Romeiro, que é de confissão pentecostal, observa:  As campanhas semanais, os cultos “de libertação”, “da vitória”, “da conquista” e “da prosperidade” se multiplicam na disputa de fiéis.

Tudo isso dirigido a um público despreocupado também com as regras de interpretação bíblica, pouco afinado com a reflexão, mas numa busca constante e intensa de solução. Os pregadores farão tudo para atrair seus “clientes”, muito disputados hoje em dia no mercado evangélico. 61  

Quando se quer extrair, de modo legítimo, um ensinamento bíblico; se parte para a hermenêutica histórica, contextual, lingüística e teológica,  mas  a analogia é o aspecto central na hermenêutica neopentecostal.

Em vez de uma exegese, para extrair do texto bíblico o que ele diz, se pratica a eisegese, colocando no texto o seu próprio pensamento, ou seja, se tenta justificar por meio da Bíblia.

A Bíblia para o neopentecostalismo é indicativa, ou seja, se recorre a ela como justificadora de suas práticas, mas não normativa, ou seja, determinando as doutrinas e práticas da igreja. A Bíblia, no neopentecostalismo, é um simples amuleto e enfeite de emaranhados de doutrinas estranhas as Sagradas Escrituras.

Uma questão importante na hermenêutica neopentecostal é que ele é pragmática e empírica. Pragmática se entende que a interpretação bíblica do neopentecostalismo busca praticidade ou funcionalidade de sua crença; se algo é prático e dá certo, então é preciso inserir na doutrina neopentecostal. Quando algum apologista critica as experiências e crenças no neopentecostalismo, os seus promotores vem com os seguintes argumentos: “mais as pessoas são curadas”, “mas isso tem dado certo”, “explique os milagres de meu ministério” etc. Sempre se recorre a funcionalidade de suas doutrinas. A experiência sempre procede a doutrina no neopentecostalismo. O Rev. Alderi Sousa de Matos observa:

 

61- ROMEIRO, Paulo. Decepcionados com a Graça. 1 ed. São Paulo: Mundo Cristão, 2005, p. 123.                                       

 

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No neopentecostalismo – inclusive nos seus enclaves nas denominações históricas -, por mais que seus integrantes se declarem defensores das Escrituras, a importância atribuída as fenômenos, maravilhas e novas revelações os empurrarão à incômoda conseqüência prática de terem na Bíblia a sua “fonte secundária” de conhecimento. 62

No contexto na interpretação bíblica, a experiência conta como a mais alta autoridade, determinando os sentidos de um texto. A Bíblia, nessa situação, não é a regra de fé e prática. Kenneth Hagin estabeleceu a fórmula de fé da confissão positiva, baseado em um suposto encontro com Jesus, por meio da visão ele criou uma nova doutrina. A revelação, as crenças pessoais, as profecias, as visões tomam o lugar da Palavra de Deus, no momento em que elas estabelecem doutrina.

A hermenêutica neopentecostal é individualista e mística. Quando se lê a Bíblia, não procuram compreender o significado original que o escritor, inspirado pelo Espírito Santo, escreveu. Cada crente que leia a sua Bíblia e interprete da maneira transcendental, por meio de uma revelação interior. Procuram sempre achar novas verdades, e dizem ser portadores de nova revelações, desprezadas pelas igrejas durante séculos.

Sendo esse entendimento, sempre individual, por meio de uma iluminação.       

Na leitura neopentecostal, o Espírito Santo, dá o significado de um texto para necessitadas específicas de várias pessoas, ou seja, o versículo passa a não ter uma significação absoluta, mas é uma mensagem diferente em cada revelação. Um pregador neopentecostal, instruindo novos convertidos, disse: “Vocês precisam ouvir a voz de Deus, ser guiados pelo Espírito Santo. Para isso, orem nas madrugadas e peça que Deus revele a Sua vontade para a sua vida. Então Deus vai te acordar pelas madrugadas e te dirá aquilo que tu precisas fazer.” Esse pregador dá a entender que a sua vida é guiada por revelações, quando esse não é o propósito das revelações (dom da palavra do conhecimento). A vida do cristão é guiada pelo Espírito Santo, que usa a sua Palavra, para direcionar segundo as Suas diretrizes.  

 

g) a demonologia neopentecostal

Os neopentecostais têm uma visão dualística do cosmo, ou seja, há uma constante luta

 

62- MATOS, Alderi Sousa de. Fé Cristã e Misticismo, p. 58. Citado por ROMEIRO, Paulo. Idem, p. 122.

63- ANDRADE, Claudionor Corrêa de. Judas, Batalhando pela Genuína Fé Cristã. Lições Bíblicas, Rio de Janeiro, p. 43. 1° trimestre de 2002.     

 

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entre o Bem e o Mal, e tudo aquilo que não é de Deus, logo é do Diabo. Para a cosmovisão neopentecostal, o mundo está dividido por essas duas forças equivalentes. Para eles a doença nunca vem de Deus, logo, todas as doenças são diabólicas.

Para eles a pobreza não pode vir de um Deus riquíssimo, logo, a pobreza é do Diabo. Nesse pensamento, chamado dualismo, o mundo está bem dividido entre o Bem e o Mal, entre Deus e o Diabo.

O dualismo fere a revelação bíblica, onde o Deus, o ser bondoso por natureza, é infinitamente maior do que o mal provocado pelo Diabo.

O exorcismo nas igrejas neopentecostais, é uma prática midiática e um verdadeiro espetáculo, onde pessoas (seres-humanos) são expostos ao ridículo, com muitas luzes e câmeras. O teólogo assembleiano Claudionor Corrêa de Andrade, em uma linguagem pastoral, escreveu:

Há muitos obreiros que, para cevar o marketing pessoal, fazem uma verdadeira campanha publicitária para libertar os oprimidos do Diabo. Perguntam o nome do demônio e querem saber a sua procedência. Em seguida, interrogam-no acerca de sua missão, como se ninguém soubesse ser o trabalho do Diabo matar, roubar e destruir (Jo 10.10). E com isto desperdiça-se todo o tempo da exposição da Palavra de Deus, introduzindo o povo a uma macabra distração.

 Os neopentecostais, em especial Kenneth Hagin, acreditava que um cristão verdadeiro pode ser possesso por um demônio, mas não no seu espírito, e sim no seu corpo ou em sua alma; fazendo uma separação inexistente na Bíblia. Como pode um cristão ter demônios em seu corpo ou em sua alma, enquanto o seu espírito está livre sendo habitação do Espírito Santo? Só uma demonologia distante das Escrituras para afirmar tamanho engodo. Um cristão verdadeiro, por ser habitação do Espírito Santo, não  pode  ter  em  seu  ser  um  demônio. O  neopentecostalismo tem muitas doutrinas estranhas a Bíblia e cabe a cada pentecostal, uma posição apologética e de oração pela mudança e sedimentação desse movimento”.

                                                                                   

Uma forma de encerrarmos com chave de ouro os alertas sobre os perigos das novas igrejas neopentecostais estarem adotando práticas estranhas ao Verdadeiro Evangelho, pode ser observada no simples assistir ao vídeo dessa pretensa autoridade mundial evangélica que citamos logo acima, o Sr. Kenneth Hagin, autor de mais de setenta livros doutrinários, e que

 

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lastimavelmente termina a sua carreira e a sua vida de uma forma tão improdutiva quanto podemos ver no vídeo encontrado no You Tube, mostrando a unção do riso – não há e não pode haver ninguém que, buscando a Palavra do Evangelho possa ser edificado com esse festival de inutilidades que toma lugar e espaço em templos que deveriam estar se dedicando exclusivamente a “pregar o Evangelho a toda criatura!” esse vídeo pode ser acessado no endereço do You Tube: https://youtu.be/IG9XZ6fXRjs - é assistir e ficar horrorizado, pois pode se ver de tudo menos a presença do Espírito Santo.

Entre as heresias apregoadas por Kenneth Hagin, essa “autoridade mundial” citada acima, encontramos a apologia à “Palavra Rhema”... uma  visão  de  que  o  Evangelho  se  divide em

 “Logos” que é a Palavra escrita e em “Rhema” que é a Palavra falada; Ou seja, Pregadores “Auto ídolos” (ídolos de si mesmos) não se contentam com o Evangelho do Senhor Jesus, eles querem um evangelho que  possa ser “enfeitado”  teatralmente  para  atrair  a  atenção  do  seu público; A  mesma  situação  se  repete em templos que valorizam espetáculos como “cair no espírito”, onde um pastor estende a mão ou agita o paletó na direção do público e todos caem no chão extasiados

qualquer pessoa pode ver o mover da emoção mas ninguém em sã consciência poderia ver o mover do Espírito. E assim, de heresia em heresia, os novos espetáculos que substituíram os cultos evangélicos crescem e se multiplicam, sequer se importando que o povo que pretende se chamar de povo de Deus fica cada dia mais órfão do Evangelho.

                                                           

CAPÍTULO VI

6.1 NECESSIDADES PREMENTES DAS PEQUENAS IGREJAS PENTECOSTAIS MODERNAS E DAS IGREJAS NEOPENTECOSTAIS

 

            Entre todos os modelos apresentados acima, podemos chegar a conclusões satisfatórias sobre a disponibilidade de modelos de discipulado cristão para as pequenas Igrejas Pentecostais modernas, observando que, para as Igrejas pentecostais mais tradicionais, existem modelos desenvolvidos pelas próprias denominações e seus Pastores tendo como alvo os seus próprios membros; Isso é observado com mais evidência nas Igrejas Presbiterianas, Batistas, Luteranas, etc...  Para as pequenas Igrejas Pentecostais Independentes, as quais chamamos aqui de pequenas pentecostais modernas, um modelo que se apresenta com poderosas chances de sucesso na implementação é exatamente o modelo da MDA proposto

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pela Igreja da Paz de Fortaleza, criado pelo Pastor Abe Huber; vide:

 http://portalmda.com/a-visao-mda/, e

http://www.igrejadapaz.com.br/fortaleza/a-visao-do-mda/ 

https://youtu.be/zVSv3wJ7DME  

Infere-se daí que a falta de um projeto, ou ainda a falta de implementação do mesmo por algumas Igrejas, está condicionado à falta de visão da sua administração, seja por falta de recursos humanos e financeiros, seja por falta de preocupação com o destino da sua própria congregação denominacional, pois, superabunda a quantidade de Igrejas que não tem a menor preocupação em ser verdadeiramente Pentecostal, ou ainda, fiel em seus ensinamentos no Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo.

              Entretanto, o que agrava profundamente o panorama evangelístico são as novas Igrejas Neopentecostais, as quais, sem o menor pudor, desprezam completamente a visão de evangelismo  cristocêntrico,  voltando-se  exclusivamente   para   uma   atuação   muito   mais

assemelhada ao marketing pessoal. Isso pode ser facilmente observado se nos detivermos a analisar os métodos utilizados para atrair novos membros para suas fileiras. Escondidas sob o disfarce de usar o nome de Jesus para atrair as pessoas, cada uma se preocupa mesmo é em conquistar valores numéricos de membros, sem se preocupar com a qualidade do conhecimento transferido aos que se deixam levar por seus argumentos.

Não é de se estranhar, realmente, o sucesso que eles obtém com suas técnicas de marketing, porque o marketing bem aplicado possui características bastante pragmáticas; é tão significativo que inúmeras das novas e independentes Igrejas Pentecostais acabam imitando-as nos seus procedimentos e conceitos.

Mas nós estamos propondo soluções para delinear uma nova fronteira, um novo horizonte para esse grande número de pessoas que, se deixados à própria sorte, serão fatalmente arrastados e envolvidos por todo vento de doutrina, sem sequer passar perto da possibilidade de ter um verdadeiro encontro com o Senhor; E isso só será possível, através de um evangelismo abrangente cuja fórmula precisa ainda ser melhor delineada.

                                

CAPÍTULO VII                    

7.1  DELINEANDO UMA SOLUÇÃO INTERDENOMINACIONAL

 

            Pudemos observar até aqui que as técnicas de Marketing que são utilizadas pelas

 

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igrejas Neopentecostais e pelas inúmeras Pentecostais independentes que aderem ao mesmo modelo de práticas, são verdadeiramente de uma eficácia sem precedentes, pois que essas Igrejas atraem milhares, senão milhões de pessoas como é o caso das grandes Igrejas Neopentecostais – vide os exemplos das Igrejas Universal do Reino de Deus; Igreja Mundial do Poder de Deus; Igreja Internacional da Graça de Deus; entre um sem número de outras Igrejas menores.

Evidentemente então que, o segredo da eficácia está no poder do Marketing, e por isso, se nós nos dispusermos a utilizar essa mesma ferramenta com o intuito de divulgar a importância do chamado do Senhor para o Seu povo, certamente que conseguiremos obter os mesmos resultados em termos de alcance e divulgação. Mas para isso, é necessário abrir mão daquela prática egoística de querer atrair membros para si mesmo, para sua própria denominação, em favor  da  missão  de  atrair  filhos  de   Deus   para   o   Senhor;   independentemente  de  qual denominação eles preferirão seguir posteriormente. Uma verdadeira, desinteressada e universal práxis do evangelicalismo alcançando a Igreja Mundial do Senhor Jesus ao invés do pensamento restritivo de uma práxis do evangelicalismo da Igreja Local; afinal, a Igreja existe em função do Reino de Deus.

É especialmente nisso que está o verdadeiro desafio: Ser tão desprendido a ponto de não pensar em si mesmo, como denominação, e se propor a compor com outras Igrejas verdadeiramente cristãs para promover uma divulgação poderosa na mídia – Internet, rádio e televisão – sobre o que é verdadeiramente ser cristão e como seguir a Deus.

O povo de Deus precisa desse desprendimento das lideranças, de forma que, as necessidades do Reino de Deus estejam verdadeiramente colocadas acima dos interesses pessoais, e da busca frenética de membros para suas próprias Igrejas, suas próprias denominações religiosas.

Um plano de marketing poderosamente aplicado, Interdenominacional, difundido em todas as mídias, alcançando  a  esmagadora  maioria  dos  lares, fazendo  a exposição  clara dos  propósitos do Senhor Jesus e demonstrando com extrema clareza o verdadeiro sentido do Evangelho, seus objetivos e o seu propósito maior, já seria um excelente começo para livrar esse povo perdido em promessas vãs e mentirosas que tem desviado milhões de pessoas dos caminhos do Senhor. Literalmente são milhões de pessoas desorientadas por um falso evangelho, e que, se atraídas pelo verdadeiro Evangelho do Senhor Jesus, estarão sendo duplamente beneficiados, pois, se primeiro estarão diante da verdadeira Palavra do Senhor, em segundo lugar estarão contribuindo verdadeiramente para a expansão do Reino de Deus.

 

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O mesmo pragmatismo do Marketing aliciador utilizado tão eficientemente por forças não cristãs, estará sendo aplicado com a mesma eficácia, só que agora então, ao serviço do Marketing evangelizador puramente cristão. Não seria uma tarefa fácil, porque estaria envolvendo interesses contrários de alto poder aquisitivo, Igrejas muito ricas; mas em compensação, devemos nos lembrar que o Senhor costumeiramente mostra ao Seu povo a Sua vitória nas questões mais difíceis e até mesmo impossíveis.

Ainda há que se ponderar que “a união faz a força”, portanto, os custos de tal empreitada seria dividido entre inúmeras Igrejas, viabilizando assim fazer frente às oponentes já mencionadas, as "desigrejas” que são aquelas Igrejas gigantes não cristocêntricas.

As Igrejas deveriam estar profundamente preocupadas em criar recursos para isso da mesma forma que cria recursos para a obra missionária transcultural; pois estando muito mais próximo   das   Igrejas   do   que  a  atual  obra  missionária, mesmo  assim milhões de pessoas

caminham completamente perdidas acreditando que, mesmo levadas por todo vento de doutrina, estão buscando ao Senhor. Não poderíamos nem mesmo sugerir um nome para esse tipo de obra evangelística ou missionária porque em realidade, seria apenas uma obra de evangelismo voltada para saneamento do falso evangelho que tem abalado as estruturas das Igrejas que pregam o verdadeiro Evangelho. É uma verdadeira luta entre o bem e o mal, e para esse tipo de luta, repito, o Senhor sempre venceu todas as batalhas, milagrosamente, especialmente sendo em defesa do Seu Reino e do Seu povo. E referindo aos custos de tal empreitada, certamente seriam muito mais econômicos do que as perdas de vidas e de recursos para essas “desigrejas” que tem se enriquecido enganando torpemente aqueles que, em seus corações, acreditam estar verdadeiramente buscando e servindo ao Senhor.

E ainda, usando de pragmatismo, além de trazer verdadeiros adoradores para o verdadeiro Evangelho, junto a cada um desses novos adoradores estarão sendo trazidos os novos suprimentos financeiros capazes de financiar essa própria obra, essa “cruzada evangelística!”

Podemos dizer que esse tipo de iniciativa, nos tempos atuais, representa muito bem e verdadeiramente a ordem plenipotenciária do Senhor quando distribui a Grande Comissão:

 

       “18  Então, Jesus aproximando-se deles lhes assegurou: “Toda a autoridade me foi        dada no céu e na terra.   19   Portanto ide e fazei com que

       todos os povos da terra se tornem discípulos, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo;  

 

 

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       20        ensinando-os a obedecer a tudo quanto vos tenho ordenado. E assim, Eu estarei permanentemente convosco, até o fim dos tempos.”

       (Mt 28.18-20)

 

 

CONCLUSÃO

Em cada capítulo desse nosso trabalho, nós procuramos passar os conceitos que estão presentes na obra de Discipulado Cristão. No Capítulo II nós falamos sobre o Ministério do Senhor Jesus e sobre a Grande Comissão, revelando o modus operandi com que o Senhor preparava os Seus discípulos para darem sequencia à grande obra do cristianismo.

O modelo de discipulado que o Senhor adotou foi o Modelo de Discipulado Apostolar, que é representado por discípulos preparando discípulos e fazendo novos discípulos, em uma progressão quase que geométrica; o que explica tão grande abrangência do Evangelho desde o inicio quando o Senhor Jesus ensinou o modelo a seus apóstolos.

Chama a atenção o fato que, Jesus ensinava em público muitas vezes falando por parábolas; mas aos seus apóstolos ensinava em particular nada deixando em oculto para eles. Com o sacrifício vicário do Senhor, segue-se a ordem plenipotenciária – discipular, batizar, ensinar a discipular, essa já como uma ordem definitiva válida em todos os tempos até que o Senhor volte.

No capítulo III mostramos a definição e diferença que existe em o Evangelho de Marcos (Mc 16.15-18) onde o Senhor ordena que Seus discípulos “Preguem o Evangelho a toda a criatura” remetendo claramente ao evangelismo que vai em busca do pecador, e o Evangelho de Mateus (Mt 28.19-20) onde o Senhor ordena que Seus discípulos prossigam fazendo discípulos de todas as nações, claramente um passo adiante com relação ao Evangelismo, pois que, se o Evangelismo apresenta o Evangelho ao pecador, atraindo-o carinhosamente para os cultos ao Senhor realizados na Igreja, o Discipulado ja é um trabalho muito mais minucioso e envolvente onde o discipulando vai aprender a conhecer o Evangelho mais intimamente para aplica-lo em sua vida.

No Capítulo IV apresentamos uma visão geral sobre o Evangelismo praticado pela Igreja ao longo dos séculos, iniciando com o modelo praticado pelos apóstolos, único modelo que deve

ser mantido vivo e atuante porque é o modelo escolhido pelo Senhor Jesus; depois, passando pela sequencia ao longo da história, descrevendo o Discipulado na Igreja Primitiva, tal e qual os apóstolos o faziam; na Era Medieval, já sob o domínio nefasto de uma Igreja cujo

 

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monopólio a tornou um grande negócio até hoje defendido pelo clero; no advento da Reforma Protestante onde a Igreja procurou resgatar o Modelo de Discipulado Apostolar; fizemos um relato envolvendo a visão das Igrejas Históricas, iniciando pela visão da Igreja Luterana, passamos pela visão da Igreja Anglicana, pela visão da Igreja Presbiteriana, pela visão da Igreja Batista, pela visão da Igreja Metodista; e sobre as Igrejas Pentecostais, mostrando a visão das Igrejas Assembléias de Deus, das Igrejas O Brasil para Cristo, a Congregação Cristã no Brasil; e finalmente, descrevendo os modelos das Neo Pentecostais, falamos sobre a visão da Igreja Universal do Reino de Deus, a Igreja Mundial do Poder de Deus, a Igreja Internacional  da  Graça  de  Deus,  a  Igreja  Renascer  em  Cristo;  e  finalmente  nos  tempos hodiernos, onde o permissivismo da sociedade atual remeteu a distinções da práxis que levou à diversificação não tão nefasta utilizadas pelas Igrejas Históricas e Pentecostais, mas totalmente degenerada quando utilizada pela Igreja Neo Pentecostal, onde tudo o que vale, é tão somente atrair pessoas para reforçar os alicerces financeiros dessas instituições.

Apresentamos no Capítulo V, dentro de uma visão hodierna da práxis do Discipulado e Evangelismo atual, uma rápida definição sobre os conceitos de TMI (Teologia da Missão Integral); da TDL (Teologia da Libertação); apresentamos as críticas e as refutações das críticas envolvendo a TMI X TDL (Teologia da Missão Integral, versus Teologia da Libertação); fizemos uma rica explanação sobre o modelo MDA (Modelo de Discipulado Apostolar); e, culminando, tecemos comentários sobre o tão nefasto para o Evangelho, o Modelo de Discipulado Neo Pentecostal.

No Capítulo VI tratando sobre as necessidades prementes das pequenas Igrejas Pentecostais Modernas e das Igrejas Neo Pentecostais, nós procuramos chamar a atenção para o descaso com o Evangelismo e com o Discipulado presentes nessas Igrejas, as quais, fortemente motivadas pelas exigências dos tempos atuais, estão muito mais voltadas para solucionar problemas concernentes à própria existência do que propriamente o Evangelismo ou Discipulado Cristão.

No Capítulo VII, sob o título de Delineando um Solução Interdenominacional, o nosso  propósito  foi  o  de  demonstrar  a  necessidade  de  o  Corpo  de  Cristo promover uma verdadeira Cruzada Evangelística contra esse Império que se levanta para corromper a Igreja, o Evangelho e o Povo de Deus.

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E foi aí que fizemos um pequeno esboço demonstrando o paralelismo com as Missões, para sugerir uma entidade, Interdenominacional, para fazer frente às distorções do Evangelho, utilizando a mídia para levar aos perdidos, a Palavra do Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo.

 

E finalizando essa nossa conclusão, deixamos a nossa convicção e certeza de que:

  • Se as Igrejas Cristãs se unissem para criar alguma entidade parecida com um  “Conselho dos Guardiães do Evangelho” plenamente Interdenominacional;

  • Centralizassem recursos financeiros para essa grande batalha, essa “Cruzada Evangelística” em favor do Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo.

  • Utilizassem massivamente os recursos de Marketing modernos em favor de uma Igreja Cristã Moderna;

 

Certamente que esse crescimento desenfreado dessas “desigrejas”, dessas “desconstrutoras do Evangelho”, ficaria seriamente abalado; estaríamos assim realizando “Missões” não só a nível transcultural, mas também a nível de evangelização massiva; esse tipo de atitude cada vez mais  se  fará  presente  nas  necessidades  das  Igrejas  cristãs;  porque  certamente  a  hora  se aproxima, em que a grande batalha final terá início; porque os tempos são chegados.

Maranata!... ora, vem, Senhor Jesus!

 

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