top of page
Compartilhe com seus amigos:

 

 “Afinal, quem ungiu os pés de Jesus?”

     

                              Por

                   Roberto Araraq

             Existe uma confusão que se faz com respeito à mulher que ungiu os pés de Jesus, com um perfume caríssimo contido em um frasco de alabastro.

             Já ouvi vários sermões onde os Pastores creditam esses relatos, unificando todas as referencias ao fato como tendo sido protagonizado por uma ”mulher prostituta”.

Já ouvi outros sermões afirmando que a protagonista desses relatos bíblicos foi “Maria, a irmã de Lázaro e Marta”.

 

A resposta correta é: Nem um, Nem outro! O que estou querendo dizer é que são casos totalmente independentes um do outro. Vejamos:

 

A bíblia diz, em Mt 26.6-13:  [MC 14.3-9; Jo 12.1-8]

6 E aconteceu que estando Jesus em Betânia, na casa de Simão, o leproso,   7 chegou próximo dele uma mulher portando um frasco de alabastro, repleto de perfume caríssimo, e lhe derramou sobre a cabeça, enquanto ele estava reclinado à mesa.   8 Diante daquela cena, os discípulos se indignaram e comentaram: “Por que este desperdício”?     9 Porquanto esse perfume poderia ser vendido por alto preço e o dinheiro dado aos pobres!”    10 Percebendo isso, Jesus repreendeu-os: “Por que molestais esta mulher? Ela praticou uma boa ação para comigo.    11 Pois, quanto aos pobres, sempre os tendes convosco, mas a mim nem sempre me tereis.   12 Ao derramar sobre o meu corpo esse bálsamo, ela o fez como que preparando-me para o sepultamento.³    13 Com toda a certeza vos afirmo: Em todos os lugares do mundo, onde este evangelho for pregado, igualmente será contado o que essa mulher realizou, como um memorial a ela.”

 

³ Era costume, no antigo oriente, ungir a cabeça dos convidados em dias festivos, que praticamente deitavam-se sobre um tipo de almofada ou divã, ao redor de uma mesa bem mais baixa do que as nossas. Com o braço esquerdo se apoiavam nas almofadas e com o direito se serviam dos alimentos. Davi escreveu um poema em louvor a Yahweh (o nome impronunciável de Deus em hebraico), no qual descreve a felicidade que há na comunhão com Deus usando a metáfora de uma ceia preparada pelo Senhor (Sl 23.5). Jesus foi visitar alguns amigos em Betânia, uma aldeia que distava cerca de 3 Km de Jerusalém. O anfitrião, Simão, fora curado de lepra por Jesus (Mc 14.3).

 

Lázaro estava presente, Marta servia, e Maria, irmã de Lázaro e Marta, assume a responsabilidade da hospitalidade amorosa e reverente (Lc 7.46), mas realiza o ato à sua maneira.

 

Um escravo ungiria a cabeça do hóspede do seu SENHOR com óleo e lavaria seus pés com água. Maria ofereceu a mais preciosa e cara essência de plantas (nardo, palavra persa nard que em sânscrito naládá significa óleo perfumado) importada da Índia (em grego Myrón). Marcos (Mc 14.5) informa que o valor daquele alabastro (frasco de mármore lacrado e com gargalo longo, o qual era quebrado no instante do uso, e cujo conteúdo devia ser todo consumido em uma só aplicação, para não perder suas propriedades químicas e aromáticas) era de 300 denários, o que correspondia ao salário anual de um trabalhador ou soldado romano (20.2; Jo 6.7). Maria ungiu a cabeça e os pés de Jesus (Mc 14.3-9; Jo 12.1-8) realizando a cerimônia completa de honra e hospitalidade com a qual os judeus deveriam acolher seus irmãos e amigos, numa demonstração de temor a Deus, humildade e amor ao próximo, princípios básicos da Torá (os primeiros cinco livros da bíblia, a Lei de Deus) e dos ensinos de Jesus (Lc 7.44; Jo 13.1-17). Considerando que Judas traiu Jesus por cerca de 120 denários, é fácil imaginar sua irritação ao ver a atitude de Maria em relação unicamente à pessoa de Cristo (Jo 12.4-5). Na época da Páscoa, era um costume judaico presentear os pobres. Jesus aproveita para esclarecer os discípulos e amigos quanto à proximidade do seu martírio, salientando que Maria havia compreendido verdadeiramente quem é Deus, qual o sentido da adoração (que é consagrar a Deus os nossos mais caros afetos), e que estava cuidando da preparação (somente os nobres tinham seus corpos embalsamado ou mumificado) do seu corpo para o sepultamento. Jesus ainda faz uma alusão à Lei e afirma que a ajuda e o acolhimento aos mais necessitados é tarefa contínua do povo de Deus todos os dias do ano (Dt 15.11). Jesus ergue um memorial à Maria, uma pessoa desconhecida na história, mas cujo ato inspira gerações e gerações em todo o mundo, a ter uma visão correta e prática do que significa amar a Deus.

 

 

A bíblia diz, em Mc 14.3-9:  [Mt 26.6-13; Jo 12.1-8]

3  E estando Jesus em Betânia, reclinado à mesa na casa de certo homem conhecido como Simão, o leproso, achegou-se dele uma mulher portando um frasco de alabastro contendo valioso perfume, feito de nardo puro; e, quebrando o alabastro, derramou todo o bálsamo sobre a cabeça de Jesus. ²   4 Diante disso, indignaram-se alguns dos presentes, e a criticavam entre si: “Para que esse desperdício de tão valioso perfume”?   5 um bálsamo como este poderia ser vendido por 300 denários, e o dinheiro ser doado aos pobres”. E  a censuravam severamente. ³  6 “Deixai-a em paz!” – ordenou-lhes Jesus. “Por que causais problemas a esta mulher? Ela realizou uma boa ministração para comigo”.   7 Quanto aos pobres, sempre os tendes o vosso lado, e os podeis ajudar todas as vezes que o desejardes, todavia a mim nem sempre me tereis.   8 A mulher fez tudo o que estava ao seu alcance. Derramou o bálsamo sobre mim, antecipando a preparação do meu corpo para o sepultamento. 4   9 Com toda a certeza Eu vos asseguro: onde quer que o Evangelho for pregado, por todo o mundo, será também proclamada a obra que esta mulher realizou, e isso para que ela seja sempre lembrada.”

 

²  A mulher era Maria, irmã de Marta e Lázaro. No Evangelho de João, este evento ocorreu antes de começar a Semana da Paixão (Jo 12.1-3). Mateus e Marcos enfatizam o contraste entre o ódio dos líderes religiosos, a covardia dos discípulos e a traição de Judas Iscariotes, e o amor, coragem de se expor e desprendimento material de Maria. O alabastro era um frasco lacrado, de gargalo longo, que continha valioso perfume, normalmente usado na unção de personalidades notáveis da época ou no preparo mortuário de monarcas e pessoas ricas (Sl 23.5; Lc 7.46). Ao narrar este episódio, Marcos se refere a “alguns dos presentes”, Mateus concentra-se nos “discípulos” (Mt 26.8) e João destaca a participação objetiva e comprometedora de “Judas Iscariotes” (Jo 12.4-5).

 

³ Trezentos denários correspondiam a quase um ano de trabalho de um soldado romano. Jesus prevê que, até o seu retorno, haverá muitas pessoas que dependerão da ajuda de seus semelhantes. Jesus sempre teve um coração compassivo em relação aos pobres (Mt 6.2-4; Lc 4.18; 6.20;14.13.21; 18.22; Jo 13.29).

 

4   Era costume judaico ungir um corpo com óleos aromáticos para o sepultamento (16.1). Entretanto os corpos de pessoas condenadas por crimes não mereciam tal atenção, cuidado e honra. A “antecipação” de Maria revela que Jesus percebeu que ela tinha compreendido o propósito da vinda do Cristo (o Messias) ao mundo como Servo sofredor (Is 53).

 

A bíblia diz, em Jo 12.1-8:  [Mt 26.6-13; Mc 14.3-9]

1 Seis dias antes da Páscoa, Jesus foi para Betânia, onde estava Lázaro, que havia morrido e fora ressuscitado dentre os mortos.   2 Então, ofereceram-lhe um jantar; Marta servia ¹, enquanto Lázaro era um dos convidados ², sentado a mesa com Jesus.   3 Maria pegou uma libra ³ de bálsamo de nardo puro, um óleo perfumado muito caro, ungiu os pés de Jesus e os enxugou com seus cabelos. E a casa encheu-se com a fragrância daquele bálsamo.    4 Mas um de seus discípulos, Judas Iscariotes, filho de Simão, que mais tarde iria traí-lo objetou:   5 “Por que este bálsamo perfumado não foi vendido por trezentos denários 4 e dado aos pobres?”    6 Ele não disse isso por se importar com os pobres, mas porque era ladrão, sendo responsável pela bolsa de dinheiro 5,  frequentemente tirava o que nela estava depositado.    7 Mas Jesus respondeu: “Deixa-a em paz; pois para o dia da minha sepultura foi que ela guardou isso.    8 Quanto aos pobres, vós sempre os tereis convosco, mas a mim vós nem sempre tereis.”

 

¹  Marta dedicava-se mais ao serviço e Maria, à adoração (Lc 10.38-42)

²   O jantar ou ceia, celebrava a nova vida de Lázaro, sendo, ele e Jesus, convidados de honra.

³   A libra (em grego litra) equivale a pouco mais de 300 gramas.

4   Um denário era uma moeda de prata equivalente a um dia de trabalho braçal.

  A bolsa (em grego glôssokomon) era onde se guardava o dinheiro oferecido a Jesus e aos discípulos por pessoas que queriam ajuda-los (Lc 8.2,3)

As referencias cruzadas: [Mt 26.6-13; Mc 14.3-9; Jo 12.1-8] remetem à Maria, irmã de Marta e Lázaro, e terminam aqui;

 

A seguir, as referencias  que remetem à prostituta: [Lc 7.36-50]

 

A bíblia diz, em Lc 7.36-50:

36 “Tendo sido convidado por um dos fariseus para jantar, Jesus foi à casa dele e reclinou-se, como era o costume, junto à mesa. 14    37 Assim que tomou conhecimento que Jesus estava reunido à mesa, na casa do fariseu, certa mulher daquela cidade, uma pecadora, trouxe um frasco de alabastro cheio de perfume.   38 E, posicionando-se atrás de Jesus, prostrou-se a seus pés e começou a chorar. Suas lágrimas molharam os pés de Jesus, mas ela, em seguida os enxugou com os próprios cabelos, beijou-os e os ungiu com o perfume.   39 Diante de tal cena, o fariseu que o havia convidado falou consigo mesmo: “Se este homem fora de fato profeta, bem saberia quem nele está tocando e que espécie de mulher ela é: uma pecadora!” 15   40 Então, voltou-se Jesus  para o fariseu e lhe propôs: “Simão, tenho algo para dizer-te”. Ao que ele aquiesceu : Sim, Mestre dize-me”.    41 Dois homens deviam a um certo credor. Um lhe devia quinhentos denários e o outro cinquenta.    42 Nenhum dos dois tinha com que pagar, por isso o credor decidiu perdoar a dívida de ambos. Qual deles o amará mais?    43 Replicou-lhe Simão: Imagino que aquele a quem foi perdoada a dívida maior”. Ao que Jesus o congratulou: “Julgaste acertadamente!”.    44 Então virou-se em direção à mulher e declarou a Simão: “Vê esta mulher? Entrei em tua casa, e não me trouxeste agua para lavar os pés, como é o costume. Esta, porém, molhou os meus pés com suas lágrimas e os enxugou com os próprios cabelos.    45 Da mesma maneira, tu não me saudaste com um beijo na face, como é tradicional; ela, todavia, desde que cheguei não cessa de me beijar os pés.    46 E mais, tu não me ungiste a cabeça com óleo, como era de se esperar, mas esta mulher, com puro bálsamo, ungiu os meus pés.    47 Por tudo isso, te asseguro: o grande amor por ela demonstrado prova que seus muitos pecados já foram todos perdoados. Mas onde há necessidade de pouco perdão, pouco amor é revelado.    48 Em seguida, Jesus afirmou à mulher: “Perdoados estão todos os teus pecados!”    49 Então, os demais convidados começaram a comentar: “quem é este que pode até perdoar pecados?”    50 E Jesus revela à mulher: “A tua fé te salvou; vai-te em permanente paz. 16

                      

14   Para os judeus, uma refeição era um convite de alto valor social, representava um selo de amizade e reconhecimento entre os convidados. Como as mesas eram baixas, e ao redor havia uma série de divãs e almofadas, os convidados se reclinavam sobre eles, com os pés pra trás, a fim de degustarem as iguarias que eram trazidas por escravos ou empregados. Estes, além de servirem a mesa, cuidavam da recepção aos convivas, que incluía ungir com óleos e perfumes, lavar e enxugar os pés, especialmente dos mestres da Torá (Lei). Alguns senhores ou patrões. Dispensavam seus criados da cerimônia de recepção e  realizavam eles próprios, numa atitude de elevada estima e consideração por seus amigos. Assim, a sala de refeição ficava, em geral, repleta de pessoas. Umas, comendo e descansando, outras, entrando e saindo para servir aos comensais. É nesse contexto que uma mulher, desejosa de abandonar sua vida de prostituição e encontrar a paz, entra na sala em busca do Senhor, trazendo o melhor que possuía: amor no coração, fé no filho de Deus, arrependimento, desejo de mudar e adoração (um frasco caríssimo de óleos aromáticos). Jesus estava reclinado, com os pés estendidos e distantes da mesa central. A mulher, não querendo se interpor entre Jesus e o fariseu anfitrião, preferiu, humildemente, ungir os pés de Jesus à sua maneira, mas com especial e genuína devoção. O frasco era feito de alabastro (uma rocha branca e fácil de moldar). Uma garrafa globular, com gargalo comprido, contendo unguento (óleo) perfumado, cujo valor correspondia a cerca de 300 dias de trabalho braçal. O frasco (vaso) precisava ter seu gargalo quebrado, e usava-se todo o conteúdo numa única aplicação. Ato semelhante foi realizado por Maria de Betânia, poucos dias antes de sua crucificação (Jo 12.3)

 

15   Jesus é realmente o Salvador dos pecadores. A contradição é quase sempre marcante: para o fariseu, Jesus era um profeta e deveria agir com o rigor e o legalismo que ele (fariseu) esperava de um profeta. Para a mulher, prostituta e pecadora, carente de amor, perdão e consideração, Jesus era Deus encarnado, Senhor de misericórdia e da salvação; o único que tinha poderes para perdoá-la e purificar sua vida. E Jesus olhou para a alma daquele ser humano e além do seu pecado, viu uma filha de Deus, uma irmã e herdeira do seu Reino (Tg 2.1-5).

 

16   Jesus dá toda a atenção à pobre mulher e a abençoa com paz. Nos originais, o verbo desta frase está no tempo presente do indicativo, o que descreve um estado de “constante paz interior com Deus.” Literalmente: vi para dentro da paz. Os antigos rabinos costumavam dizer: “vai em paz” para os mortos, e “vai para dentro da paz” aos vivos. È importante notar, que o amor da mulher não foi a causa da sua salvação, mas sim a consequência. O fruto de uma vida salva e consagrada ao Senhor. Só a fé em Jesus nos salva do Diabo, do mundo e de nós mesmos.

 

A bíblia diz, em Jo 8.10,11 [ O texto completo está em: Jo 8.3-11]

10 Quando Jesus se ergueu, não vendo a ninguém mais, além da mulher, disse a ela: “Mulher, onde estão aqueles teus  acusadores? Ninguém te condenou?”    11 Disse ela: “Ninguém, 9  Senhor.” E assim lhe disse Jesus: “Nem Eu te condeno; podes ir e não peques mais.”

 

9   Não houve condenação por falta de acusadores sem culpa. Como Jesus nunca pecou (8.46), tomou os pecados dela sobre si e a perdoou (Rm 8.1-3)

 

CONCLUSÃO:

  • Nos Evangelhos de Mateus (Mt 26.6-13) , de Marcos (Mc 14.3-9) e de João (Jo 12.1-8) estão se referindo a um jantar na casa de Simão, o leproso, que havia sido curado por Jesus, em homenagem a Lázaro que havia sido ressuscitado por Jesus e em homenagem ao próprio Senhor Jesus.

 

  • Nos Evangelhos de Lucas (Lc 7.36-50) estão se referindo a um jantar na casa de Simão o fariseu

 

Normalmente, essa confusão se dá por conta do nome de Simão, que era um nome bastante comum na época; Simão, o leproso não é a mesma pessoa que Simão, o fariseu.

 

  • No Evangelho de João (Jo 8.3-11) não se trata de um jantar mas sim de uma mulher adúltera flagrada em adultério, onde Jesus diz: 7 “Aquele que dentre vós estiver sem pecado seja o primeiro a lhe atirar uma pedra.” – consequentemente, não tem ligação com os casos anteriores.

 

 

 

Todo o texto bíblico foi extraído da bíblia de estudos:

Bíblia King James Atualizada,2012. Abba Press. Sociedade Bíblica Ibero-Americana.

Amo o Senhor                                                                                      Roberto Araraq

Voltar

bottom of page